20 de dezembro de 2025
COLUNISTA

O escândalo do nascimento virginal


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"Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel." (Isaías 7.14)

Na grande história da redenção dois pilares sustentam toda a fé cristã: "O ventre ocupado e a tumba vazia". O nascimento virginal e a ressurreição formam o arco que revela quem Jesus realmente é. Deus entrou na história e Deus venceu a morte. Não é por acaso que o nascimento virginal é o alvo preferido de céticos e liberais. Esse milagre não é um detalhe poético. É o fundamento, a essência sobre o qual repousa a nossa salvação.

J. Gresham Machen foi preciso ao afirmar que negar o nascimento virginal é negar a própria Bíblia e consequentemente a divindade de Jesus. A lógica é implacável. Se Jesus não foi concebido pelo Espírito Santo a Escritura mente. E se a Bíblia mente logo nos primeiros capítulos dos Evangelhos ela perde toda a autoridade e confiabilidade. O cristianismo inteiro desaba.

A gravidade disso é absoluta. Sem o milagre da concepção divina o caráter de Maria seria destruído. A "piedosa adolescente" seria uma impostora que enganou o próprio noivo. José seria um tolo iludido. E o pior de tudo: Jesus seria apenas um ser humano comum. Ele seria um descendente biológico de Adão nascido sob a mesma maldição do pecado que pesa sobre toda humanidade. Se Jesus tivesse um pai humano ele herdaria nossa corrupção. Seria um pecador. E um pecador não pode salvar ninguém; ele precisaria de salvação. Nessa lógica sombria a cruz não seria redenção. Seria apenas a morte trágica de um mártir judeu e não o sacrifício perfeito do Filho de Deus.

O Catecismo de Heidelberg resume de forma brilhante: "Nosso Mediador precisa ser verdadeiro homem para nos representar e verdadeiro Deus para nos resgatar". Se Jesus não fosse ambos estaríamos perdidos. Se a Encarnação é uma farsa a ressurreição é uma mentira. E se não houve o milagre da entrada nem o milagre da saída, como disse Paulo, somos os mais miseráveis de todos os homens. Restaria apenas comer, beber e esperar o fim.

Mas damos graças a Deus porque a Escritura é a verdade. Nós cremos no mistério da Encarnação. Cremos que Jesus é totalmente homem. Ele tem carne e sangue reais. Sentiu dor, fome e cansaço. Ele é capaz de morrer em nosso lugar porque assumiu nossa humanidade, mas sem a nossa corrupção. E cremos que Ele é totalmente Deus. O Verbo eterno se fez carne concebido pelo Espírito Santo sem a semente de um pai humano. Essa intervenção sobrenatural quebrou a linha de pecado herdada de Adão. Jesus é o Segundo Adão. O Homem perfeito que nos representa diante do Pai. Na sua pessoa Deus e homem se unem sem mistura e sem confusão.

Aqui chegamos ao coração do Natal. O verdadeiro sentido da festa é o mistério da Encarnação. Deus entrou no mundo não pela força mas pela fragilidade. Não com exércitos mas através do ventre de uma jovem simples. Nenhuma mente humana inventaria algo assim. As religiões criam homens que se tornam deuses e heróis que sobem ao céu. A Bíblia revela o Deus infinito se tornando um embrião. O Eterno se fazendo dependente. O Todo-Poderoso sendo gerado no silêncio. Isso jamais seria fruto da imaginação humana. É revelação divina. É a sabedoria de Deus que o mundo chama de loucura mas que para nós é poder de salvação.

Por isso adoramos o Cristo nascido da Virgem. O Emanuel. O Deus-Homem. Ele é nossa única esperança na vida e na morte. O ventre ocupado nos deu um Salvador. A tumba vazia nos garantiu a vida eterna. Diante desse mistério nós nos prostramos. Hoje e para sempre.