05 de dezembro de 2025
EMPILHANDO TÍTULOS

'Nescau': entre conquistas e histórias, o legado de um campeão

Por Douglas Willian | da Redação
| Tempo de leitura: 4 min
Divulgação
Nescau e seus filhos Matheus e Maria Luiza

O esporte, em sua essência, é uma fábrica de grandes personagens. No futebol amador não é diferente. Nos campos de terra ou de grama espalhados pelos bairros, surgem figuras que moldam sua trajetória de vida. Com Mário Eduardo Pereira Risse — ou simplesmente “Nescau”, como é amplamente reconhecido no futebol bauruense — não foi diferente. Vindo de origem humilde, o jovem que sonhava apenas em jogar bola acabou se tornando um dos maiores campeões da história do futebol amador de Bauru.

O lateral-esquerdo é um dos nomes de maior longevidade do futebol amador de Bauru. Aos 50 anos, reúne mais de 20 títulos, participou de 24 finais e construiu uma carreira que atravessa gerações, atuando tanto como jogador quanto como treinador. Sua trajetória, distribuída por mais de duas décadas, perpassa clubes tradicionais, categorias diversas e diferentes competições do cenário local.

A entrada no esporte ocorreu aos 10 anos, por recomendação médica, devido a complicações causadas por uma bronquite. Dois anos depois, já recuperado e apaixonado pelo jogo, integrou a equipe de dente de leite do Parquinho, seu primeiro clube formador. Na sequência, passou pelas categorias de base do Noroeste e pelo time do Préve, retornando posteriormente ao Norusca para trabalhar com o técnico Baroninho, referência decisiva em sua trajetória.

Aos 17 anos, viveu seu momento mais próximo do futebol profissional ao ser emprestado para os juniores do Corinthians, onde teve experiência intensa, porém breve. De volta a Bauru, disputou a Série A3 do Paulista sob o comando de Luiz Carlos Martins. Em 1996, tentou nova oportunidade no União Barbarense, mas a passagem não evoluiu. Foi então que recebeu o convite para retornar ao Parquinho, agora no futebol amador.

“Cheguei para jogar de zagueiro, mas o lateral era o Devanir, irmão do Sininho, que jogou no São Paulo se machucou e eu era o unico canhoto no time”, recorda. A improvisação acabaria marcando o início de sua consolidação como jogador versátil e competitivo. A partir dali, construiu carreira que o levaria a acumular inúmeros títulos municipais e regionais, firmando-se como um dos atletas mais vitoriosos e respeitados da cidade.

A formação esportiva de Nescau remonta ao final da década de 1990. Em 1998, vestindo a camisa do Cruzeiro da Protege, conquistou seu primeiro título no amador. No ano seguinte, transferiu-se para o Araruna, equipe com a qual venceu o Campeonato da Liga Regional de 1999, sob o comando do técnico Itamar, consolidando seu ingresso definitivo no circuito competitivo da cidade.

O ano de 2002 marcou o início de sua relação mais duradoura no futebol amador: o Parquinho. Pelo clube, acumulou conquistas em 2002, 2003, 2006, 2007, 2008 e 2014. Em passagem simbólica para sua trajetória pessoal, dividiu o campo com o filho, Matheus, conhecido como Toddynho, defendendo a equipe da Fiel Macabra.

Em 2004, defendeu o Nacional, somando nova conquista. Posteriormente, integrou o elenco do Beija-Flor, equipe à qual declara profundo apreço. “O Beija-Flor é minha segunda casa. Fui campeão invicto e construí uma história ali. Devo muito ao Parquinho também. São as duas equipes que marcaram minha carreira e moram no meu coração”, afirma o atleta.

Pelo Beija-Flor, venceu o Campeonato da Liga Regional de 2009 e três edições da Copa Semel – 2010, 2011, 2012. Entre 2018 e 2019, já como integrante da comissão técnica, adicionou mais dois títulos ao currículo.

Entre 2015 e 2019, Nescau atuou pelo São Domingos, somando cinco títulos consecutivos na categoria master, o que reforçou relevância no futebol amador da cidade.

Nesta atual temporada, ampliou sua atuação fora das quatro linhas ao integrar a comissão técnica do Beija-Flor na disputa da Copa Semel e do Gordinhos na categoria Master.

Paralelamente às conquistas coletivas, sua carreira contempla reconhecimentos individuais. Ao longo dos anos, acumulou sete troféus de melhor jogador do campeonato ou da posição. Registrou ainda um dos capítulos mais lembrados do futebol amador bauruense: o gol mais rápido em uma final, anotado aos 35 segundos, no estádio Alfredo de Castilho, marca registrada pelo Jornal da Cidade.

O atleta relembra o episódio com espontaneidade:
“Um dia antes do jogo, na sede do Beija-Flor, eu disse que faria um gol — já tinha tomado uma cerveja. No início da partida, falei: ‘toca em mim que eu vou fazer’. Alçaram o lateral na área, o zagueiro desviou e a bola sobrou. Fiz o gol mais rápido. A torcida do Beija-Flor gritava meu nome”, relata.

Apesar das inúmeras conquistas, Nescau afirma que nunca valorizou troféus ou medalhas como objetos.
“Sempre tive sorte de jogar em times muito bons e nunca fui de guardar troféu, medalha, uniforme. Mas o que mais levo do futebol é o amor da minha família, que sempre me deu suporte. Meus filhos — Matheus e Maria Luiza — e minha esposa Érica. Devo tudo a ela e à minha família”, completa.

Apesar das conquistas, diz não valorizar troféus. "Sempre tive sorte de jogar em times bons e nunca fui de guardar medalha. O que mais levo é o amor da minha família - meus filhos Matheus e Maria Luiza e minha esposa Érica. Devo tudo a eles", finaliza.