Neste domingo, a Igreja encerra o Ano Litúrgico de 2025. No domingo seguinte, com o início do Advento - tempo que prepara nossos corações para o Natal - abre-se o Ano Novo Litúrgico de 2026. Para concluir este ciclo, celebramos hoje a Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo, Senhor da Paz e da Unidade.
No Evangelho proclamado nesta solenidade (cf. Lc. 23,35-43), São Lucas recorda que Jesus foi crucificado entre dois malfeitores. Os chefes do povo, os soldados romanos e um dos condenados zombavam de Jesus. Os líderes judaicos ironizavam os títulos religiosos atribuídos a Ele - o "Cristo de Deus" (Messias) e o "Escolhido" - títulos que, para eles, soavam escandalosos. Para os gregos, eram pura loucura. No julgamento diante do Sinédrio, o reconhecimento de Jesus como Messias implicava considerá-lo "Filho de Deus"; por isso o levaram a Pilatos como se fosse um subversivo, um agitador político. Pressionado pelas autoridades e pela multidão, Pilatos acabou condenando Jesus à cruz e mandou escrever no alto do madeiro: "Este é o rei dos judeus".
O povo e os chefes, em tom de desprezo, repetiam: "Se és o Cristo de Deus, o Escolhido [...] se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo!". Um dos malfeitores acompanhou a zombaria: "Tu não és o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós!". O outro, porém, o repreendeu, reconhecendo sua própria culpa e a inocência de Jesus. Em seguida, fez o pedido que atravessou os séculos: "Jesus, lembra-te de mim quando entrares no Paraíso". Assim confessou que Jesus é um rei que salva. E ouviu a promessa divina: "Ainda hoje estarás comigo no Paraíso".
A primeira leitura recorda a unção de Davi como rei de todas as tribos de Israel, escolhido para zelar pelo bem-estar do povo. Na liturgia de hoje, entretanto, celebramos Cristo, o verdadeiro Rei do Universo, Ele que, na sinagoga de Nazaré, proclamou: "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres".
Na segunda leitura (cf. Cl. 1,12-20), São Paulo afirma a origem divina da realeza de Cristo: Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda criatura. Tudo foi criado por Ele e para Ele. Cristo é a cabeça da Igreja, o princípio e o primogênito dentre os mortos. Nele, Deus quis habitar com toda a plenitude e, por meio d'Ele, reconciliar consigo todas as coisas, realizando a paz pelo sangue derramado na cruz.
Anualmente, nesta solenidade, celebramos também o Dia Nacional dos Cristãos Leigos e Leigas, destacando a dignidade real concedida a todo batizado. Conforme ensinam o Concílio Vaticano II e a Christifideles Laici, cada cristão participa, a seu modo, do múnus real, sacerdotal e profético de Cristo. Sua vocação é testemunhar a fé no mundo e transformar as realidades temporais, conduzindo o progresso, o desenvolvimento e a própria história na perspectiva do Reino de Deus. (cf. Lumen Gentium, 9; Christifideles Laici, 9).
Que a Cristo Rei - princípio e fim, alfa e ômega - sejam tributados todo louvor, honra e glória pelos séculos dos séculos. Amém.