05 de dezembro de 2025
OPINIÃO

Nossa amada Pipoca

Por Patrícia Schubert | A autora é colaboradora de Opinião
| Tempo de leitura: 2 min

Vi a postagem de uma colega de trabalho numa rede social, em que ela anunciava a doação de um filhote de cachorro sem raça definida. Decidi buscar, mas não estava tão segura em adotar nosso primeiro cão.

Ao pegar a bebê canina (uma fêmea) e levá-la até meu carro, a mãe a acompanhou… cheirava a filhotinha. Abaixei e lhe disse:

— Fique tranquila. Cuidarei muito bem de sua filhinha.

Assim iniciou nossa história. Com os pelos baixos e de cor clara, meu esposo deu-lhe o nome de Pipoca. Nossos filhos, encantados. Bebezinha, era ninada no colo, ouvindo “Mãezinha do Céu”.

Tudo que era incerto e de improviso, como a caminha etc., passou a ser do melhor que podíamos lhe dar. E, assim, Pipoca tomou conta da casa.

Numa manhã, o quintal estava repleto de sangue, com um odor fétido. Corremos com ela até a clínica veterinária, onde ficou internada por uma semana e, por milagre, sobreviveu à parvovirose.

Tornou-se forte, cresceu. Adorava ficar no corredor lateral da casa ouvindo os barulhos da rua. Reformamos o portão para fazer nele uma janela por meio da qual nossa Pipoca observava por horas os transeuntes. Os gatos desfilando em frente de casa eram o evento mais esperado.

Ela me ensinou a passear na rua e no bosque, a dar banho morno fazendo carinho, a envolvê-la na toalha como um bebê, a fazer carinho na barriga sem pelos, a dormir pertinho. Adorava lavar as patas no pote de água, dormia de barriga para cima… Muitos momentos felizes!

Até que, inesperadamente, passou a emagrecer, a ficar mais quietinha… Levada à clínica veterinária, fomos surpreendidos com a notícia de que estava com pneumonia e tinha um nódulo no baço. Embora internada, tratada, amada, foi se entregando…

Nossa Pipoca nos deixou aos 8 anos.

O corredor lateral não tem mais a mesma frequentadora, que tanto adorava o movimento e aproveitava para descansar com o vento fresco sob suas cobertinhas. Nossas trocas de olhares, de uma profundidade indescritível, não mais existirão.

O amor é eterno. A veste carnal, não. Esse antagonismo é a saudade imensa que sinto. Ainda te vejo em todos os cantos da casa.

Honrei minha promessa para sua mãezinha, ainda viva e com quem você é tão parecida.

Te amo, Pipoca! Obrigada por nos ensinar a amar, por nos amar e por tudo de maravilhoso que vivemos juntos