O Novembro Azul é uma campanha dedicada à conscientização sobre a saúde do homem, com foco principal na prevenção e no diagnóstico precoce de doenças que mais afetam o público masculino.
Embora o câncer de próstata seja o tema mais lembrado, o Novembro Azul vai além: ele busca quebrar tabus sobre o cuidado com a saúde entre os homens e incentivar a busca por atendimento médico regular.
O objetivo é estimular o autocuidado, o check-up regular e a mudança de comportamento, para que os homens vivam mais e com mais qualidade de vida. Então, na coluna de hoje, eu falo mais desse assunto!
Câncer de próstata: o que você precisa saber
O câncer de próstata é o tipo mais comum entre os homens no Brasil, excluindo os tumores de pele não melanoma. Ele representa cerca de 29% dos casos de câncer masculino, segundo dados do INCA (Instituto Nacional de Câncer).
A próstata é uma glândula do sistema reprodutor masculino, e o câncer nessa região geralmente se desenvolve de forma lenta, o que permite altas chances de cura quando diagnosticado precocemente - podendo chegar a mais de 90% dos casos.
A detecção precoce é feita principalmente por dois exames: o toque retal, no qual o médico avalia o tamanho, forma e textura da próstata, e o exame de sangue PSA (Antígeno Prostático Específico), que mede a presença de uma proteína produzida pela glândula. Esses exames não confirmam o câncer, mas indicam a necessidade de investigação mais profunda, como a biópsia da próstata, se houver suspeitas.
A recomendação para iniciar a prevenção varia conforme fatores de risco. Homens sem histórico familiar devem iniciar os exames preventivos a partir dos 50 anos. Já aqueles com histórico familiar de câncer de próstata (pai ou irmão) ou que sejam negros - grupo com maior risco de desenvolver a doença - devem começar aos 45 anos.
Lembre-se: a chave para reduzir a mortalidade é a informação, o acompanhamento médico regular e o diagnóstico precoce.
O que mais é preciso olhar com atenção?
1. Depressão e saúde mental
A saúde mental ainda é um grande tabu entre os homens. Muitos evitam falar sobre sentimentos por medo de parecerem fracos, o que leva à subnotificação de transtornos como depressão e ansiedade. Esse silêncio pode ter consequências graves: os índices de suicídio entre homens são muito maiores do que entre mulheres, especialmente entre jovens e idosos.
É preciso apoio psicológico, conversar com amigos ou familiares, e procurar atendimento profissional quando necessário são atitudes fundamentais. Atividades físicas regulares, manter vínculos sociais e ter momentos de lazer também são aliados.
2. Doenças cardíacas
As doenças cardiovasculares, como infarto e AVC, são as principais causas de morte no Brasil — e os homens são mais afetados, muitas vezes por falta de cuidados preventivos. Pressão alta, colesterol elevado, estresse crônico e sedentarismo são fatores de risco comuns.
3. Abuso de cigarro e álcool
O consumo excessivo de álcool e tabaco está diretamente relacionado a uma série de doenças, como câncer, cirrose, problemas cardíacos, respiratórios e distúrbios mentais. Muitos homens utilizam essas substâncias como forma de lidar com o estresse ou a ansiedade, o que só agrava os problemas de saúde.
4. Obesidade
A obesidade é uma questão crescente e está ligada a diversas doenças crônicas, como diabetes tipo 2, hipertensão, apneia do sono e alguns tipos de câncer.
Homens muitas vezes ignoram o ganho de peso progressivo, o que dificulta a reversão do quadro. Então, busque adotar uma dieta equilibrada, rica em fibras, frutas e vegetais, evitar o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, e manter uma rotina ativa de exercícios físicos.
5. Falta de acompanhamento médico
Muitos homens só procuram o médico quando já estão com sintomas graves. Essa resistência à prevenção dificulta o diagnóstico precoce de diversas doenças e diminui as chances de tratamento eficaz.
A saúde do homem envolve mais do que evitar doenças graves - é sobre adotar uma postura ativa e preventiva. O Novembro Azul é um lembrete importante, mas o cuidado deve durar o ano todo.
Um forte abraço e até o próximo domingo,
Daniela Hueb - Médica, CRM-SP 96.027