Nas últimas décadas, avanços na medicina, na ciência da nutrição e na tecnologia contribuíram para que a expectativa de vida aumentasse em todo o mundo. No entanto, viver mais não significa, necessariamente, viver melhor. É nesse contexto que surge o conceito de healthspan, cada vez mais presente em debates sobre saúde, nutrição e bem-estar.
Diferente de lifespan (expectativa de vida), o healthspan refere-se ao período da vida em que o indivíduo permanece saudável, ativo e funcional, sem limitações significativas causadas por doenças crônicas ou degenerativas. Portanto, é um indicador que coloca a qualidade de vida no centro da discussão.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), embora a expectativa média de vida global seja de aproximadamente 73 anos, a expectativa de vida saudável é de 63 anos. Isso significa que, em média, as pessoas vivem ao menos uma década com limitações de saúde e o desafio contemporâneo está em reduzir esse hiato.
A boa notícia é que o healthspan pode ser ampliado por meio de escolhas cotidianas. Fatores como alimentação equilibrada, prática regular de atividade física, sono reparador, gestão do estresse e vínculos sociais são determinantes para um envelhecimento saudável.
Um estudo do Harvard T.H. Chan School of Public Health, publicado no British Medical Journal (2020), demonstrou que adotar cinco hábitos saudáveis: manter peso adequado, praticar atividade física, ter alimentação nutritiva, não fumar e consumir álcool de forma moderada; pode acrescentar até 14 anos de vida para mulheres e 12 anos para homens. Mais do que isso, aumenta os anos vividos com saúde, reduzindo a incidência de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e câncer.
Quando se fala em healthspan, a nutrição é um dos pilares mais estudados, já que uma dieta baseada em ingredientes naturais, com variedade de frutas, legumes, proteínas de qualidade e gorduras boas, tem efeito protetor contra processos inflamatórios e degenerativos. Além disso, nutrientes específicos vêm sendo investigados pela ciência como aliados diretos da longevidade saudável. Pesquisas do Frontiers in Aging Neuroscience apontam benefícios do ômega-3 na função cognitiva, da vitamina D na saúde óssea e imunológica e de antioxidantes naturais no combate ao envelhecimento celular.
Entre os compostos com maior respaldo científico para preservação da saúde muscular e funcional está a creatina, cuja suplementação tem sido associada ao aumento da força, melhor desempenho físico e preservação da massa magra, fatores essenciais para manter autonomia em todas as fases da vida. O HMB (β-hidroxi-β-metilbutirato), metabólito do aminoácido leucina, é outro composto que tem demonstrado auxiliar na preservação da massa muscular, força e função muscular durante o envelhecimento.
Na prática, isso significa que pequenas escolhas diárias, como manter uma alimentação equilibrada, exercitar-se, priorizar o bem-estar e, quando necessário, utilizar a suplementação, podem ter impacto direto no prolongamento do healthspan. Mais do que buscar longevidade, o desafio contemporâneo é cultivar hábitos e escolhas que proporcionem uma vida longa e, sobretudo, saudável. Dessa forma, os anos a mais serão sempre bem vividos.