O Brasil vai mostrar ao mundo que, na transição para uma mobilidade de zero emissões, os biocombustíveis são a forma mais eficiente, e econômica, de substituir combustíveis fósseis.
Estudo da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), “Caminhos para a Descarbonização: a pegada de carbono no ciclo de vida do veículo’”, em parceria com o BCG (Boston Consulting Group), demonstra que os veículos brasileiros que utilizam etanol têm a menor pegada de carbono do mundo quando avaliado o ciclo de vida “do Berço ao Túmulo” – análise de ciclo de vida que leva em consideração a pegada de carbono do desde a extração das matérias-primas até o descarte final do veículo.
Desde 2003, quando estabeleceu como meta a substituição de 20% dos combustíveis convencionais por combustíveis alternativos, a União Europeia discute se os biocombustíveis são uma solução para o aquecimento global ou parte do problema. Para os críticos, as culturas energéticas concorrem com a produção de alimento e o debate “food versus fuel” tem sido um dos principais argumentos contra a ampliação do seu uso. A elevação dos preços de óleo de soja e milho, no início de 2025, corroboraria essa tese.
Entretanto, dados publicados pela GCB Bioenergy, revista conceituada na área de energia sustentável, mostram que os preços desses produtos sempre estiveram muito alinhados com os praticados internacionalmente. O óleo de soja, por exemplo, ficou muito caro durante a pandemia, mas sofreu uma forte deflação, em 2023, de 36%. São flutuações que acompanham conjecturas pontuais. No caso do milho, ainda possuímos uma válvula de escape, a chamada “safrinha” – segunda safra que aumenta a produção de milho e nos permite produzir energia sem comprometer a oferta de alimentos. Segurança energética e segurança alimentar podem caminhar juntas.
Mais recentemente, durante as discussões pré-Cúpula G20, as delegações europeias apresentaram mais barreiras: o princípio de “uso em cascata”, segundo o qual deve existir uma hierarquia para o uso da biomassa, de acordo com o valor agregado. Prioritariamente, alimentação humana; nutrição animal, na sequência; e, somente por último, produção de energia. Enquanto isso, o Bloco Europeu vem aumentando a produção. Segundo a Eurostat (Serviço de Estatística da União Europeia), foram produzidos 15,7 bilhões de litros de biodiesel e 4,4 milhões de litros em 2023, principalmente, a partir do cultivo da Colza (óleo de Canola), na Alemanha, e do trigo e da beterraba, na França.
Lançar dúvidas sobre os biocombustíveis tem sido a prática da União Europeia, historicamente resistente à importação de combustíveis renováveis das Américas, somente para proteger seus agricultores. Mas não há dúvidas: os biocombustíveis são a alternativa sustentável para substituir os combustíveis fósseis e uma de suas maiores virtudes é promover a descarbonização sem alterações substanciais nos motores e independentemente da adoção de nova tecnologia. Somente argumentos protecionistas podem distorcer essa realidade.
Essa trajetória de sucesso, que começou com o Pró-Álcool, será ampliada ainda mais com a Lei do Combustível do Futuro, da qual fui relator na Câmara dos Deputados, que vai intensificar a descarbonização do setor de transporte, ampliando a mistura de etanol na gasolina e do biodiesel no diesel, bem como incentivando a produção de combustível sustentável de aviação – SAF, de diesel verde, de biometano, de biobanker e de combustíveis sintéticos.
Na COP30, a defesa dos biocombustíveis deve ser uníssona e a ampliação de sua utilização em escala mundial deve ser defendida no âmbito da Aliança Global para Biocombustíveis.
Os biocombustíveis são Patrimônio Nacional, fundamentais para o Brasil se manter no protagonismo da transição energética. Seu destaque na COP30 e sua maior utilização em escala global, uma alternativa concreta para diminuir a emissão dos Gases de Efeito Estufa.