O documentário “Chegada” apresenta pela primeira vez as influências do chamado pensamento Vianna, processo de pesquisa corporal iniciado na década de 1950 pelo coreógrafo mineiro Klauss Vianna, na cena da dança contemporânea de Bauru. O curta-metragem, realizado através da Lei Paulo Gustavo, será exibido na sexta-feira (14), às 19h30, no Espaço Coletivo Vila (Rua Antônio Alves 16-15). Após a sessão, haverá uma conversa com a equipe e as diretoras Bel Droppa e Liene Saddi sobre o processo de criação do filme. A atividade é aberta ao público, com classificação livre, e tem entrada gratuita.
Abordar a dança contemporânea no cinema
Criada por Klauss, Angel e Rainer Vianna há mais de 50 anos e desenvolvida por diversos pesquisadores do corpo, o pensamento Vianna parte da atenção e escuta do corpo para explorar diferentes formas de presença, movimento e percepção corporal, integrando aspectos do movimento consciente e inconsciente. No documentário, a diretora Bel Droppa desenvolve a pesquisa corporal junto a seus alunos, acompanhando processos com adultos e crianças. Para ela, a diferença da prática com diferentes faixas etárias está relacionada à comunicação e percepção das necessidades específicas de cada fase da vida.
“Nas crianças, percebo que o estudo da presença acontece de forma mais espontânea. Elas exploram o ambiente com curiosidade viva: ocupam cantinhos, sobem em janelas, se lançam ao jogo com liberdade. Já os adultos, em geral, se aproximam da prática com mais silêncio e introspecção. Suas investigações partem de uma escuta mais concentrada, que envolve tanto a construção de novos aprendizados quanto a desconstrução de hábitos corporais, tensões e modos fixos de se mover. Assim, enquanto as crianças revelam a curiosidade do corpo que descobre, os adultos trazem a consciência do corpo que reaprende.” - Bel Droppa, diretora do curta “Chegada”, bailarina e professora no Espaço Coletivo Vila.
A diretora Liene Saddi, também responsável pela montagem do filme, explica como lidar com os desafios de traduzir para a linguagem audiovisual a relação de escuta do corpo de quem realiza uma pesquisa de movimento pautada nesse pensamento. Para Liene, “não se trata de um registro de coreografias, mas de uma pesquisa sobre os processos realizados dentro da sala de dança. Também não se trata, é claro, de esgotar tópicos do extenso legado de Klauss Vianna e demais pesquisadores do corpo, uma vez que isso não caberia em um recorte de curta-metragem. Nossa proposta foi explorar, de forma singela, as relações sensoriais - visuais e sonoras - dos corpos presentes em sala, seja individualmente, em grupo e em relação ao próprio Espaço Coletivo Vila, onde a Bel ministra suas aulas.”
Produção audiovisual em Bauru
O documentário integra a crescente produção cinematográfica de Bauru e reforça o destaque que o audiovisual da cidade vem conquistando nos últimos anos, com filmes exibidos em festivais nacionais e internacionais. A produtora Estúdio 2B, responsável pelo filme “Chegada”, já assinou curtas e longas-metragens que circularam por diferentes circuitos e mostras, dentre eles, “Empoçados: os rios contam Bauru” (2023), também dirigido por Liene Saddi, ao lado de André Turtelli Poles, que recebeu o Prêmio de Melhor Curta-Metragem Documental - Meio Ambiente na 31a ECOCINE - Festival de Cinema Ambiental e de Direitos Humanos.
SERVIÇO:
Exibição do curta-metragem Chegada e conversa com as diretoras
Data: 14 de novembro (sexta-feira)
Horário: 19h30
Local: Espaço Coletivo Vila – Rua Antônio Alves 16-15, Centro – Bauru
Classificação indicativa: Livre
Entrada gratuita