Na oração do Creio, professamos nossa fé na comunhão dos santos. Essa comunhão une os santos do céu, as almas que se purificam no purgatório e nós, que ainda peregrinamos na terra. Assim, a tradição da Igreja Católica nos ensina que existem três dimensões do mesmo Corpo de Cristo: a Igreja Triunfante, que já vive na glória do céu; a Igreja Padecente, que se purifica no amor de Deus; e a Igreja Peregrinante, que caminha com fé neste mundo.
O catecismo da Igreja Católica explica essa comunhão de maneira admirável: "Pertencem à comunhão dos santos todas as pessoas que colocaram a sua esperança em Cristo e Lhe pertencem pelo Batismo, tenham elas já morrido ou ainda vivam. Porque somos um só corpo em Cristo, vivemos uma comunhão que abraça o Céu e a Terra". (CEC, 946-947). E acrescenta: "A união dos que estão ainda em caminho com os irmãos que adormeceram na paz de Cristo de modo algum se interrompe, antes, segundo a fé constante da Igreja, é fortalecida pela comunicação de bens espirituais". (CEC, 955). Portanto, a morte não destrói a comunhão, apenas a transforma. Os santos do céu podem interceder por nós, e nós podemos interceder por aqueles que ainda se purificam, oferecendo por eles nossas orações, sacrifícios e, sobretudo, o Santo Sacrifício da Missa.
O Evangelho de hoje (cf. Lc. 7,11-17) nos apresenta Jesus chegando à cidade de Naim, onde encontra um cortejo fúnebre: uma viúva levava à sepultura seu filho único. Diante da dor daquela mãe, o Evangelho diz: "Vendo-a, o Senhor encheu-se de compaixão por ela e disse: 'Não chores'". (cf. Lc. 7,13). Jesus se aproxima, toca o caixão e ordena: "Jovem, eu te ordeno, levanta-te!" (cf. Lc. 7,14). E o jovem se levanta e começa a falar. O povo, tomado de espanto e admiração, proclama: "Um grande profeta surgiu entre nós, e Deus visitou o seu povo". (cf. Lc. 7,16). Esse gesto de Jesus antecipa o poder da sua ressurreição, mostrando que Ele é o Senhor da vida e da morte. Nele, a morte deixa de ser o fim para se tornar uma passagem — uma "Páscoa", isto é, uma travessia para a vida eterna. Na Primeira Leitura (cf. Sb. 3,1-9), encontramos uma das expressões mais belas de fé na vida eterna: "As almas dos justos estão nas mãos de Deus, e nenhum tormento as atingirá. Aos olhos dos insensatos parecem ter morrido, mas eles estão em paz". (cf. Sb. 3,1.3). Essa certeza sustentava a fé dos justos do Antigo Testamento e continua sustentando a nossa esperança cristã: a morte não tem a última palavra, porque Deus é fiel e nos chama à vida sem fim.
O Prefácio dos Fiéis Defuntos proclama com profundidade o mistério da nossa fé: "Nele brilhou para nós a esperança da feliz ressurreição. Para os que creem em vós, Senhor, a vida não é tirada, mas transformada. E, desfeito o nosso corpo mortal, nos é dado, nos céus, um corpo imperecível". Por isso, celebramos este dia não com desespero, mas com esperança. Cristo venceu a morte, e todos os que Nele morreram participarão da sua vitória: "Se morremos com Cristo, cremos que também com Ele viveremos". (cf. Rm. 6,8). E o próprio Senhor nos assegura: "Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá". (cf. Jo. 11,25).
Neste dia de oração e memória, recordamos com ternura e gratidão todos os nossos irmãos e irmãs que nos precederam na fé. Rezemos por eles, confiando na infinita misericórdia de Deus, que "não quer a morte do pecador, mas que ele se converta e viva". (cf. Ez. 33,11). Que o Senhor conceda a todos os fiéis defuntos o descanso eterno, e a nós, que ainda peregrinamos, a graça de viver com fidelidade, para um dia participarmos da mesma comunhão de amor e glória no céu. "Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno, e brilhe para eles a vossa luz. Descansem em paz. Amém".