05 de dezembro de 2025
OPINIÃO

Os insuperáveis anos 80

Por Guto Calazans |
| Tempo de leitura: 2 min

Há décadas, tentam reinventar os anos 80 — mas a verdade é que nenhuma época conseguiu superá-los. A década foi um ponto de virada cultural, musical e estética que moldou toda uma geração e ainda hoje dita tendências, inspira produções e provoca nostalgia coletiva.

Foi nos anos 80 que o mundo ouviu a explosão da cultura pop em sua forma mais vibrante. No cenário internacional, Michael Jackson dançava como ninguém e transformava o videoclipe em arte com Thriller; Madonna surgia como ícone da liberdade feminina; bandas como U2, Queen, The Police, Duran Duran, Bon Jovi e Guns N' Roses dominavam as paradas e os estádios.

A música deixou de ser apenas trilha sonora — tornou-se comportamento, identidade, símbolo de juventude.

No Brasil, a revolução sonora não ficou atrás. O rock nacional ganhou corpo e alma, com Legião Urbana, Titãs, Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso, Kid Abelha, Engenheiros do Hawaii e Blitz dando voz a uma geração que queria se expressar após anos de silêncio político. As letras misturavam poesia e contestação, amor e inconformismo.

Era um tempo em que o rádio, a fita cassete e o LP ditavam o que se ouvia e o que se sentia. No cinema, os anos 80 foram pura magia. Filmes como E.T., De Volta para o Futuro, Os Caça-Fantasmas, Clube dos Cinco, Top Gun e Star Wars: O Império Contra-Ataca definiram gêneros, criaram ícones e ensinaram ao mundo que entretenimento podia, sim, ser arte. A década é até hoje a mais revisitada por Hollywood — e não à toa: seus personagens e histórias atravessaram o tempo e continuam vivos no imaginário coletivo.

Na teledramaturgia brasileira, as novelas se tornaram espelhos e debates da sociedade. Vale Tudo (1988) talvez seja o exemplo máximo: a trama que perguntava "Quem matou Odete Roitman?" se transformou em uma das maiores experiências sociais da televisão.

O recente remake comprovou que o fascínio permanece intacto — foi o maior sucesso publicitário da teledramaturgia da Globo, dominou as redes sociais e reacendeu discussões sobre ética, poder e moral. Entre acertos e controvérsias, mostrou que o público continua interessado nos dilemas criados há mais de 30 anos.

Os anos 80 foram mais do que uma década — foram um sentimento coletivo. Um tempo em que a cultura pop, a música e a televisão dialogavam diretamente com o espírito das ruas. Uma época em que ser moderno era ousar, dançar, pensar e sonhar.

Hoje, entre playlists nostálgicas e remakes que tentam capturar aquela chama, resta uma certeza: feliz é quem viveu os anos 80 — e entende por que eles continuam, e continuarão, insuperáveis. 

O autor é publicitário, jornalista, MBA em Marketing Político e Pesquisa pela ESAB, pós graduação na Unesp/Faac em Estratégias Competitivas: Comunicação, Inovação e Liderança. Diretor da Azul Tomate Comunicação e Marketing Ltda.