05 de dezembro de 2025
OPINIÃO

Um grito poético sobre o colapso global e a nossa cumplicidade

Por Luís Victorelli | O autor é jornalista
| Tempo de leitura: 1 min

Uma sangrenta Segunda Guerra Mundial envolta em delírios genocidas, dores e destruição, e as incertezas políticas em seu próprio país, inspirou um poeta a expressar os medos, dúvidas e angústias humanas na figura de um homem comum.

Era José! Mas poderia ser Joseph, Josef, Yosef, Yusuf, Iosif, Giuseppe e mesmo tantas e tantas Marias, todos perdidos diante de um mundo em transformação.

Este sentimento de impotência, solidão, ausência de rumo foi descrito poeticamente por Drummond há mais de 80 anos, mas poderia ser endereçado aos dias atuais.

Mas hoje, os Josés e Marias deste planeta somos nós!

E agora?

Os extremistas gritam, os identitários se fragmentam, o ocidente se arma, o sul global ameaça. No médio oriente um povo e o pão viram pó sob os escombros, no leste europeu vidas nuas se perdem em guerra de outros. As dores do Sudão, Myanmar, Iêmen, Congo, Sahel, Haiti não são alcançadas pelos algoritmos.

O clima colapsa, o gelo derrete, o mar invade, a floresta arde, os tratados falham. Você, Terra, que acreditava girar em paz, que sonhava com progresso, que prometia futuro, ganhou desigualdade. Você que tinha florestas, corais, culturas, agora tem plástico, carbono e likes.

O que resta?

Se o amor virou interesse, o cuidado virou custo e o futuro desenha um arquivo corrompido. Não há mais tempo, não há mais desculpa. A inteligência artificial ainda não traz essa cura.

Se não há um plano “b” para você, nenhum outro sol que te aqueça, nem planeta que te abrigue e Nibiru é uma miragem. Você é só um ponto pálido suspenso na vastidão, esperando que alguém, enfim, te ame de verdade.