13 de dezembro de 2025
BEM-ESTAR

Dos pés à cabeça

da Redação
| Tempo de leitura: 3 min

Cuidar da saúde dos pés é mais do que uma questão estética. Essa base que sustenta todo o nosso corpo tem impacto direto na postura, na mobilidade e na prevenção de dores em joelhos, quadris e coluna. Negligenciar os pés pode desencadear uma reação em cadeia que vai nos causar uma série de problemas, de acordo com informações da Agência Einstein.

Cada pé concentra uma engenharia própria: 26 ossos, 33 articulações e cerca de 20 músculos internos, além de outros externos que ajudam no movimento e na sustentação. Os arcos funcionam como amortecedores naturais, absorvendo impactos e dando impulso a cada passo. Os dedos, por sua vez, garantem equilíbrio e firmeza.

"Mais de 25% dos ossos do corpo humano estão nos pés, que formam três arcos: medial, lateral e transverso. Eles são responsáveis por amortecer impactos e transmitir a força necessária para a locomoção. Qualquer desajuste nessa base pode comprometer a postura e gerar dores em outras articulações, como joelhos e quadris", explica o fisioterapeuta Felipe Cassiano Campos, do Espaço Einstein Esporte e Reabilitação, do Einstein Hospital Israelita.

Segundo ele, manter os pés saudáveis melhora não apenas a mobilidade, mas também a performance em exercícios: "Quando trabalhamos a mobilidade dos pés, conseguimos aumentar a amplitude de movimento e tornar exercícios como agachamentos mais fáceis, além de favorecer atividades que exigem força e equilíbrio, como correr, saltar ou ficar na ponta dos pés."

Mas, muitas vezes, a atenção só vem quando a dor aparece. "As disfunções começam de forma silenciosa. Um pé saudável garante bom equilíbrio, distribuição correta do peso e postura adequada para todo o corpo. Muitas vezes, a pessoa já está compensando um desequilíbrio sem perceber. Cuidar preventivamente é sempre o melhor caminho para evitar complicações futuras", alerta o fisioterapeuta José Edson França da Silva Junior, também do Einstein.

FAÇA O TESTE
1 Teste de abertura dos dedos: tente abrir e afastar os dedos dos pés repetidamente. Dificuldade para fazer isso pode indicar rigidez ou falha neuromuscular.

2 Controle do arco: apoie o pé, erga-se sobre os dedos e observe se o arco medial (a famosa curvinha na sola) se eleva. Se não ocorrer, pode haver disfunção.

3 Elevação de panturrilha: subir na ponta dos pés e equilibrar-se. Dificuldade pode indicar fraqueza ou encurtamento do tendão de Aquiles.

4Teste da pisada: umedecer o pé, apoiar no papel e verificar o tipo de arco. Pode indicar pé plano ou pé cavo.

5 Inclinação para a frente: com mãos na parede, uma perna à frente e outra atrás, mantendo o calcanhar no chão. Ativa músculos dos pés e alonga o tendão de Aquiles.

6 "Foot short": sem levantar o calcanhar, puxar os dedos em direção a ele, encurtando o arco. Fortalece músculos internos.

7 Flexão plantar: subir lentamente na ponta dos pés e descer de forma controlada. Fortalece panturrilha e tornozelo.

8 Equilíbrio em um pé: ficar sobre um pé só por até 60 segundos. Para aumentar a dificuldade, fechar os olhos ou alternar superfícies.

9 Rolar bola ou garrafa sob o pé aivia dores e relaxa a fáscia plantar.

10 Caminhar descalço em superfícies naturais estimula arcos e musculatura. Hidratar os pés também evita rachaduras, calos e infecções.

Dormência e frio são sinais de alerta

O fisioterapeuta José Edson França da Silva Junior reforça que uma simples inspeção visual e atenção ao desgaste dos calçados podem revelar problemas antes que evoluam. Calos incomuns, tropeços frequentes, dormência e frio excessivo nos pés são sinais de alerta.

Entre os problemas mais comuns estão fasciopatia plantar, joanetes, tendinopatias, pé plano (arco caído) e pé cavo (arco muito alto). Todos eles podem estar ligados a uma sobrecarga, uso inadequado de sapatos ou fatores genéticos.

"Quando o pé não funciona bem, o corpo compensa, e isso pode gerar dores em cadeia: primeiro no joelho, depois no quadril e até na coluna lombar", explica Silva Junior.

A escolha do calçado é determinante. Saltos altos, bicos finos e sapatos sem suporte são vilões conhecidos. Estudos mostram que conforto e amortecimento eficaz devem ser prioridade.

"O tipo de tênis também deve estar relacionado à atividade. Para corridas, modelos mais leves e responsivos tendem a favorecer o desempenho; para a academia, são preferíveis calçados que ofereçam boa estabilidade", orienta Silva Junior.