07 de dezembro de 2025
2º DIA DE JULGAMENTO

Para advogado, nem Justiça se convence da morte de Claudia

Por | Bruno Freitas
| Tempo de leitura: 2 min
Priscila Medeiros
Fórum de Bauru, no Jardim Bela Vista, onde rumoroso julgamento acontece

Durante as alegações finais da defesa no julgamento de Roberto Franceschetti Filho, nesta sexta-feira (10), o advogado Leandro Pistelli afirmou ao Júri Popular que a própria Justiça “não se convenceu da morte de Claudia Lobo”. Segundo ele, a filha da vítima, Letícia Lobo, teria solicitado quatro vezes o reconhecimento oficial de óbito da mãe, e todos os pedidos foram negados judicialmente.

“Nem o juiz se convenceu que ela está morta, por isso não autorizou o reconhecimento. Como condenar alguém por homicídio se nem a Justiça tem certeza da morte?”, questionou o defensor.

Franceschetti, ex-presidente da Apae Bauru, é acusado do assassinato da ex-secretária-executiva da entidade, Cladia Regina da Rocha Lobo, desaparecida desde 6 de agosto de 2024. O julgamento ocorre no Fórum de Bauru.

Pistelli também criticou o uso de "deduções e ilações" pela acusação. “Conclusões e deduções lógicas não podem condenar ninguém. O fato de haver sangue no carro, por exemplo, não significa que houve morte. Isso precisa ficar claro para o júri”, afirmou.

O advogado também apontou supostas falhas na condução da investigação, como a falta de preservação da cena: “O boletim de ocorrência, assinado pelo delegado Cledson do Nascimento, registra que a Spin branca foi mexida antes da perícia. Policiais militares não identificados abriram o veículo”, disse.

Outro ponto levantado pela defesa foi o uso de dados de geolocalização. Segundo Pistelli, a promotoria estaria manipulando a interpretação das torres de sinal de celular (ERBs) para “direcionar a narrativa contra o réu”. De acordo com ele, a acusação escolhe a torre que melhor serve para acusar o Roberto.


“Motivo torpe” contestado


Já a advogada Vanessa Mangile, que também atua na defesa de Franceschetti, pediu ao júri o afastamento da qualificadora de “motivo torpe”, que agrava a pena em casos de homicídio. “Essa qualificadora é uma tentativa de colorir o crime com uma gravidade que as provas não demonstram”, argumentou.

A advogada também fez críticas à tese de que Claudia teria sido morta para “ser calada” sobre desvios na Apae. Segundo ela, a ex-secretária era quem mantinha o controle das operações e das finanças ilícitas, inclusive beneficiando pessoas próximas. “Era Claudia quem tinha ligações com 12 pessoas envolvidas em desvios, inclusive a própria filha. Se fosse para queimar arquivo, o Roberto teria que matar outras 12 pessoas, e não apenas ela. Isso não faz sentido”, alegou.

Vanessa também expôs supostos gastos excessivos feitos por Claudia para manter o relacionamento com o então namorado, incluindo uma viagem de R$ 12,6 mil à Argentina que faria no mês seguinte ao desaparecimento, além de compras de mercado e até um iPhone de presente.