Sim, tem gente que consegue... Mas eu... eu sinceramente não consigo... Não consigo assistir ao genocídio do povo palestino em Gaza...
Não consigo ver um povo massacrado, encurralado entre Israel e o Mediterrâneo... Não consigo imaginar a insanidade de um ataque que — supostamente voltado ao Hamas — matou mais de 65 mil palestinos, sendo a maioria (85%) civis...
Não consigo imaginar a covardia de um grande exército, apoiado pelos EUA, aniquilando mulheres e crianças... Não, não é um erro de cálculo ou “efeito colateral” — é um projeto de extermínio de um povo, retirando deles o direito de existir...
Mas não basta ser insano e covarde — é preciso ser cruel... Não basta matar, destruir, deixar homens, mulheres e crianças amputadas pelas explosões... é preciso matar de fome, interceptando e detendo, em águas internacionais — repito, em águas internacionais — a ajuda humanitária que levava alimentos aos palestinos...
Os judeus, outrora vítimas do Holocausto, passaram a verdugos e, com suas atrocidades, reinventaram os campos de extermínio, dando lastro à teoria de que “o sonho do açoitado é um dia ser chicote”.
E é por isso que não consigo... Não, eu não consigo aceitar que a humanidade chegou a isso... Pior, não consigo entender como algumas pessoas encontram motivos para ostentar com orgulho a bandeira dos assassinos... Não consigo entender como impostores levam para dentro das igrejas e templos cristãos o Tanakh, renegando os ensinamentos do Cristo, passando a viver pelo Velho Testamento e por ideologias judaizantes...
Não consigo entender como pais e mães de família acham normal ou justificável o extermínio de crianças inocentes... Não consigo entender, sobretudo, a perda do senso mínimo do que seja humanidade...
Meu cérebro, em sua lógica, não aceita; meu coração, em seus sentimentos, fica apertado, e meu estômago revira — sinto ânsia, repulsa, nojo...
Não, eu não consigo...
Não consigo conviver com esse simulacro de ser humano... Não porque me ache melhor ou perfeito... mas porque, ao contrário deles, minha consciência não me permite ser perverso.