13 de dezembro de 2025
TECNOLOGIA

Liberdade energética em tempos de IA

Por Tisa Moraes | da Redação
| Tempo de leitura: 4 min
Solar Tecno Energia

O avanço da inteligência artificial (IA) vem acelerando mudanças profundas no modo de vida da sociedade, mas também traz um alerta: o consumo de energia elétrica para o uso dessa tecnologia deve crescer exponencialmente nos próximos anos. De acordo com especialistas na área, essa sobrecarga será impulsionada pela automação de indústrias e residências, a multiplicação de data centers de IA e a popularização dos carros elétricos.

Fundador da Solar Tecno Energia, empresa de Bauru que está entre as pioneiras e maiores do país no mercado de energia solar, Thiago Gigo Pereira pontua que o avanço da IA é muito mais veloz do que o proporcionado pelo advento dos computadores e da internet. “Se hoje usamos assistentes como a Alexa, em breve teremos robôs que lavam e passam roupas e limpam a casa. A cada salto tecnológico, haverá maior demanda energética”, afirma.

Para ele, a preocupação central é: quem irá produzir toda essa energia, a que custo e com qual impacto ambiental? Pereira observa, inclusive, que Bauru já sente os efeitos da crise climática, com intensas ondas de calor, estiagens prolongadas e a proliferação de incêndios em áreas de vegetação — como os registrados na última semana.

A conta de luz também reflete o cenário atual, com tarifas mais caras e a bandeira vermelha patamar 2 acionada pelo terceiro mês consecutivo. “Se não quisermos ver nossa cidade queimando, sem água e o planeta em colapso daqui a dez anos, precisamos assumir nossa parcela de responsabilidade agora. É nossa obrigação moral e social”, alerta.

PRIVILEGIADO

Nesse contexto, ele defende a chamada liberdade energética como uma saída viável e necessária. O conceito consiste em produzir a própria energia a partir de fontes limpas, como a solar. E o interior paulista, segundo Pereira, é privilegiado nesse sentido, já que cada metro quadrado recebe radiação suficiente para gerar, em média, 5,2 kWh por dia.

A estimativa é de que painéis fotovoltaicos possam reduzir em até 90% a conta de luz, além de aliviar o sistema elétrico nacional e contribuir para frear as mudanças climáticas. Eles também funcionam como barreiras térmicas nos telhados, reduzindo em até cinco graus a temperatura dos ambientes.

Há 11 anos atuando nesse mercado, Pereira alerta que, diferentemente do que boa parte das pessoas possa imaginar, a energia solar não é um privilégio de poucos.

“Não é só para quem tem dinheiro, é para quem decide fazer conta. Financiamentos bancários de 48, 60 meses podem ter parcelas equivalentes ao valor da conta de luz que deixa de ser paga. Ou seja, é possível fazer esse investimento sem praticamente tirar dinheiro a mais do bolso”, explica.

RETORNO

O retorno do investimento ocorre, normalmente, entre dois a cinco anos. Um dos clientes do empresário, comerciante do bairro Fortunato Rocha Lima, por exemplo, reduziu a fatura mensal de R$ 2 mil para apenas R$ 100,00 após a instalação do sistema solar.

“Energia limpa e barata pode — e deve — ser democratizada”, afirma Pereira, ressaltando que apostar em energia renovável significa garantir não apenas economia, mas também o futuro.

“Liberdade energética e segurança energética são a base para outras liberdades — geográfica, intelectual, emocional e financeira. Sem ela, pessoas com doenças respiratórias lotam hospitais, a produtividade no trabalho diminui e não haverá condições de sustentar a era da inteligência artificial que já está batendo à porta”, completa.

Eletromobilidade

Na última quarta-feira (1), Bauru ganhou o primeiro Eletroposto de Carga Rápida E-Panta, marca que integra o grupo Solar Tecno Energia. Com capacidade para oferecer autonomia de até 400 quilômetros com recarga em apenas 20 minutos, o dispositivo chega para impulsionar a eletromobilidade na região e tornar mais acessível o carregamento de veículos elétricos.

“Trata-se de um dos primeiros eletropostos de carga rápida do interior de São Paulo”, destaca Thiago Gigo Pereira. Durante o mês de outubro, motoristas de transporte por aplicativo que apresentarem duas contas de energia acima de R$ 400,00 poderão carregar por apenas R$ 1,70 por kWh — valor inferior à média de mercado, que gira em torno de R$ 2,90.

O empresário lembra que a frota brasileira é uma das grandes emissoras de poluentes, ainda movida majoritariamente por combustíveis fósseis. Já com veículos elétricos, é possível percorrer trechos como Bauru–São Paulo sem paradas e com custo significativamente menor.

De acordo com ele, motoristas de aplicativo têm aderido em peso à tecnologia, atraídos pela economia gerada com a aquisição desse tipo de automóvel, com preços a partir de R$ 100 mil — valor que pode ser ainda menor em modelos seminovos.

“A manutenção é seis vezes menor que a de um carro convencional, há isenção de IPVA no Estado e a despesa com combustível desaparece. Como resultado, a receita desses profissionais tem aumentado para R$ 3 mil a R$ 5 mil”, afirma Pereira.