Mata...Eu pedi para gritar por você no show do Sesc. E ele gritou!
A mata pegou fogo, o fogo pegou a mata. Só a mata não pegou no povo. Ardeu e está ardendo. Ninguém conseguiu apagar. Pega fogo desde ontem.
Narizes ardendo, olhos lagrimejando e o fogo pegando. As cinzas mostram o quanto estamos despreparados. Não gostamos de folhas caídas, não gostamos de galhos que se alongam. Não gostamos da natureza. Gostamos do concreto.
A mata é abstrata. Agora, depois de um dia e meio de fogo, as asas rotativas sobrevoam a destruição, poderia até numa rasante apagar com uma golfada de ar.
Nada, nada, nada, e o fogo continua a queimar narizes e a fazer rolar lágrima dos olhos. O fogo pegou e parece que não vai parar. A mata vai ficar desprotegida e o capim vai tomar conta. No próximo inverno o fogo vai ser pior e a mata vai desaparecer devagar, devagarinho como no samba.
Para que parar de queimar se já queimou. Vamos olhando, chorando, reclamando e poucos plantando. Nossa cidade já vive clima de deserto. De dia calorão a noite vento frio. Perfeito deserto. Chegou a hora de plantar em qualquer canto em qualquer lugar. Se não plantarmos, não teremos água. Pior do que agora que não temos como levar água até o meio da mata. Ficaremos com narizes, olhos e bocas secas.
Cadê o balaio de água?