05 de dezembro de 2025
COLUNISTA

A Cruz de Cristo Símbolo Universal do Cristão

Por Dom Caetano Ferrari |
| Tempo de leitura: 4 min
Bispo Emérito de Bauru

Neste domingo, a Igreja celebra a festa da Exaltação da Santa Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Se não houvesse a cruz, Cristo não seria crucificado nem teria atraído todos a si mesmo. Essa festa é a festa de Cristo exaltado no alto da cruz, mediante a qual venceu a morte e o pecado por seu corpo dado e sangue derramado por nós. A festa da Santa Cruz vem comemorada na Igreja desde os primeiros séculos no dia 14 de setembro. E sua origem remonta à dedicação das basílicas do Gólgota e do Santo Sepulcro em 13 de setembro de 335, quando as relíquias da Cruz Redentora depois de resgatadas dos pagãos foram apresentadas ao povo no dia seguinte, 14 de setembro. Por conseguinte, para o cristianismo a cruz se tornou no símbolo maior de nossa fé e na marca registrada da nossa identidade cristã. Com os traços da cruz, todos os católicos se persignam desde o momento do levantar-se a cada manhã até o deitar a cada noite. Na cerimônia batismal o primeiro sinal de acolhida à criança recém-nascida é o sinal-da-cruz traçado em sua fronte pelo Sacerdote, Pais e Padrinhos, sinalizando-a para sempre com a marca de Cristo. A Cruz de Cristo evoca, ainda, a árvore da vida que se contrapõe à arvore do pecado no paraíso. Ela se apresenta como signo mais perfeito da serpente de bronze que Moisés levantou no deserto para curar os israelitas picados pelas cobras, porque o Filho do Homem nela levantado cura o homem todo e todos os homens, o corpo e a alma dos que nEle creem, e lhes concede a vida eterna. A serpente do paraíso trouxe a infelicidade a este mundo com a cilada da igualdade divina com que incitou os pais da humanidade a comerem o fruto da árvore proibida (Cf. Gn 3,17-19), e as serpentes do deserto provocaram a morte dos filhos de Israel que reclamavam contra Deus e contra Moisés (Cf. Nm 21,4-6). Arrependendo-se do seu pecado, o povo pediu a Moisés que rogasse ao Senhor para livrá-los das serpentes. O Senhor, que é bom e misericordioso, sempre pronto a perdoar, ordenou a Moisés que erguesse no centro do acampamento um poste de madeira com uma serpente de bronze pendurada no alto, instruindo que todo aquele que dirigisse seu olhar para a serpente de bronze se curasse (Cf. Nm 21,8-9). Jesus retomou esses símbolos do passado bem conhecidos pelo povo (serpente, árvore, pecado, morte) para dizer no trecho evangélico da santa Missa desse domingo - Jo 3,13-17 - que no lugar da serpente de bronze pendurada no alto de um poste de madeira Ele mesmo é quem será levantado no lenho da cruz. Se o pecado e a morte advieram da insídia e veneno do demônio mediante os símbolos da árvore proibida e da serpente do paraíso e do deserto, ao contrário, a bênção, a salvação e a vida eterna advirão do Cristo erguido na cruz de onde Ele atrairá a si os olhares de toda a humanidade. Eis porque a Igreja cantará nas Missas desse domingo: "Santa Cruz adorável de onde a vida brotou, nós, por ti redimidos, te cantamos louvor!" e na Liturgia das Horas louvará: "Mais altaneira do que os cedros, ergue-se a Cruz triunfal: não traz um fruto de morte, traz a vida a todo mortal!" Até o Calvário, a cruz fora tida como sinal de vergonha, maldição, execração. Com a crucifixão de Cristo, porém, ela se tornou signo de triunfo e vitória. Se da antiga cruz vinham a maldição e a morte, agora, desta cruz em Cristo virão todo o bem e toda a graça. O Apóstolo São Paulo aprofunda o mistério que a cruz traz à lembrança, o da humilhação extrema de Jesus que se despojou de sua dignidade de ser igual a Deus, "fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz" (Fl 2,8). E ele mesmo afirma que "Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o nome que está acima de todo nome. Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, e toda língua proclame: Jesus Cristo é o Senhor. Tendo tal compreensão da Paixão de Jesus e elaborado tal teologia a respeito do mistério da Cruz, torna-se perfeitamente compreensível a declaração de Paulo aos Gálatas de que para ele sem a cruz de Cristo não há glória possível. Oxalá nós, igualmente com Paulo, possamos proclamar essa mesma fé, dela e com ela viver para sempre: "Estou pregado à cruz de Cristo. Eu vivo, mas já não sou eu, é Cristo que vive em mim" (Gl 2,19-20). Pelo sinal da Santa Cruz livrai-nos, Senhor, do pecado e de todo mal. "Salve, ó Cruz bendita, sinal do amor maior. Em Ti fomos redimidos de todos os pecados e de toda escravidão. Bendigamos ao Senhor Jesus Cristo, porque pela Santa Cruz, salvou o mundo. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém!"