No Evangelho da santa Missa deste domingo - Lc 12,49-53 - Jesus disse: "Eu vim para lançar fogo sobre a terra e como gostaria que já estivesse aceso!" É simbólico esse fogo. Não significa o fogo do inferno, do castigo, mas simboliza o fogo do Espírito Santo, o fogo do amor a Deus e da misericórdia divina pelos feridos do mundo. Não é tampouco o fogo de uma paixão prazerosa, agradável, idílica. Contudo significa o fogo do sofrimento resultante de uma prova dolorosa. Por esse sofrimento Jesus ficou conhecido como o Homem das dores. O contexto que explica essa fala de Jesus é o da sua viagem rumo à cidade santa, palco da sua paixão e morte. Disse Ele: "Lá, devo receber um batismo e como estou ansioso até que isso se cumpra!". A ansiedade é um misto de angústia e de pressa para que tudo isso se realize logo, a fim de que seja cumprida a vontade do Pai e realizada a libertação e salvação da humanidade pecadora. Jesus alertou, porém, que o tempo da salvação não será tempo de paz e tranquilidade. Ele perguntou: "Vós pensais que Eu vim trazer a divisão". Explicou que a divisão começará na própria família: Os pais contra os filhos, os filhos contra o pai ou a mãe, os filhos entre si, a sogra contra a nora e o genro contra o sogro. Depois perpassará as comunidades e as sociedades, tudo por causa do seu nome e de seu Evangelho. Assim sendo, Jesus se afirmou como sinal de contradição no mundo. Aliás, para recordar que desde criança Ele foi visto como sinal de contradição lembremos que o velho Simeão, quando da apresentação de Jesus ao Templo por Maria e José, profetizou dizendo: "Eis que este menino foi colocado para a queda e para o soerguimento de muitos em Israel, e como um sinal de contradição" (Lc 2,34). Inclusive os discípulos estão postos nesse nosso mundo como sinais de contradição. Conforme Jesus disse que os discípulos não estão acima do Mestre, que eles também se preparem porque serão incompreendidos por muitos e deverão enfrentar os conflitos da vida cristã. Porquanto, seguir Jesus e seu Evangelho é pôr-se na contramão dos valores do mundo. Assim como diante de Jesus as pessoas e as sociedades se dividem em pró ou contra elas se dividirão igualmente diante dos cristãos. Não obstante a rejeição e a cruz, importa que os cristãos perseverem até o fim, seguindo firmemente o Senhor. E, seguindo-O bem de perto, para que as chamas do fogo do Espírito Santo que saem de seu coração incendeiem os seus corações e os sustentem no bom combate pelo Reino. O trecho da primeira leitura da Santa Missa - Sabedoria 18,6-9 - lembra que o povo de Deus a caminho da terra prometida, vivendo nas dificuldades do deserto, andava, no entanto, na segurança e esperança da salvação e coberto da glória de Deus. O trecho da segunda leitura - Hebreus 11,1-2.8-19 - deseja fortalecer a fé e a esperança dos cristãos que viviam em meio hostil e de ameaça de morte. Temos aqui a conhecida definição de fé "como um modo de já possuir o que ainda se espera, a convicção acerca de realidades que não se veem.
No Calendário Litúrgico agosto é mês vocacional. No domingo passado comemoramos o Dia dos Padres. Neste comemoramos o Dia dos Pais e, por conseguinte, da vocação para a vida em Família. No outro domingo, dia 17/8, teremos na Diocese de Bauru a Caminhada da Família, celebrando 30 anos deste evento, tendo por tema "Família Peregrina de Esperança" e por lema: "Alegres na esperança" (Rm 12,12). Ao longo da próxima semana nossas Paróquias promoverão celebrações de Santas Missas, Orações, Reflexões e Ações pela Família. A Igreja ensina que a família não é criação humana nem criação do Estado, mas é a obra predileta de Deus, que vocacionou o homem e a mulher a viverem entre si uma comunhão para a vida toda em vista do seu próprio bem, da geração e educação da prole. Aliança essa que Jesus elevou à dignidade de matrimônio, isto é, de sacramento. O Diretório da Pastoral Familiar acentua estas duas grandes finalidades do matrimônio: "de um lado, a satisfação sexual, a união esponsal e o amor; e, de outro a geração e educação dos filhos". Diz o Catecismo da Igreja Católica que "as famílias são insubstituíveis", que "cada criança precisa do calor e da segurança de uma família para crescer segura e feliz"., e que "o bem e o futuro de uma nação dependem da vida e do desenvolvimento desta que é a sua menor unidade, a família". Nossa Igreja sempre valorizou a vocação ao matrimônio e à família. Da família procedem todas as demais vocações. No plano natural a família é santuário da vida, célula básica da sociedade, e no plano da fé é a Igreja doméstica que forma os filhos à vida cristã, na fé, esperança e caridade. Felicitando os Pais, oremos também pelas nossas famílias.