18 de dezembro de 2025
DATAFOLHA

Prisão de Bolsonaro divide brasileiros; 51% duvidam que ocorra

Por Igor Gielow | Folhapress
| Tempo de leitura: 2 min
Marcelo Camargo/Agência Brasil
Ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro

Nova pesquisa do Datafolha mostra que 48% dos brasileiros querem ver Jair Bolsonaro (PL) preso no julgamento da trama golpista de 2022, empatados (dentro da margem de erro) com os 46% que o desejam livre. Mas 51% acreditam que o ex-presidente vai escapar da cadeia.

O levantamento foi feito à luz da crise entre Estados Unidos e Brasil, com Donald Trump tendo encampado a tese de que Bolsonaro é vítima de perseguição e usado isso como justificativa para impor tarifas de importação mais altas a produtos brasileiros.

A movimentação do presidente americano é apoiada e municiada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho de Bolsonaro, que se mudou para os EUA para tocar a campanha em favor da anistia do pai.

Dos 2.044 ouvidos na terça-feira, 29, e na quarta-feira, 30, 6% disseram não saber opinar sobre a prisão do ex-mandatário. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.

Em comparação com um levantamento de abril, em que as mesmas perguntas foram feitas, houve uma oscilação, indicando uma inversão, ao menos momentânea, de ânimos.

Na rodada anterior, 52% achavam que o ex-presidente merecia ir à prisão; 42% diziam o contrário. Já a avaliação do que deve ocorrer no julgamento previsto para setembro no Supremo Tribunal Federal segue estável: 52% achavam que ele ia escapar, ante 41% que previam o contrário - agora são 40%.

Nos recortes setoriais, nenhuma surpresa. Aderem mais à tese de que Bolsonaro não é culpado eleitores de classe média mais baixa, evangélicos, sulistas, bolsonaristas. Na via inversa, os que mais querem vê-lo preso são aqueles que ganham até dois salários mínimos, nordestinos e petistas.

Bolsonaro será julgado sob a acusação de ter fomentado um movimento para se manter no poder após a derrota para Lula (PT) no segundo turno de 2022. A trama envolvendo políticos e militares não funcionou, segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República, e descambou nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

O ex-presidente rechaça todas as acusações, que podem lhe render uma pena de 12 a 43 anos de prisão. O condutor do processo, ministro Alexandre de Moraes, virou alvo de Trump devido à sua atuação.

Ele perdeu o visto americano após determinar medidas restritivas a Bolsonaro, aliado ideológico do republicano, e agora foi submetido a uma lei que congela nos EUA bens de estrangeiros acusados de violar direitos humanos. A apontada ilegalidade do emprego da medida, desenhada para ditadores e criminosos, deve servir de base à contestação judicial da sanção.