20 de dezembro de 2025
COLUNISTA

Meio ambiente e o clima: dá para separar? Quem cuida?

Por Ricardo Carrijo |
| Tempo de leitura: 4 min

No início deste século alguns estudiosos já indagavam e alertavam que o movimento ambiental estaria se convertendo e se deslocando para um movimento climático? E isto nos leva a refletir: Será que poderíamos separar uma coisa da outra?

Meio ambiente se separa das questões climáticas? É lógico e evidente que o espectro das recentes surpresas climáticas como as enchentes do Rio Grande do Sul, as secas e estiagens prolongadas que não eram muito frequentes em cidades do sudeste e também as rápidas inversões de temperaturas alternando ondas de calor muito intenso e ondas de frio extremamente rigorosas em diversos lugares do planeta e também aqui na Sem Limites estão fazendo com que o foco dos movimentos ambientalistas passem a alertar o Poder Público para a necessidade de ações emergenciais e de mitigação em relação a estes novos fenômenos da natureza.

Em Bauru, pode-se constatar este realinhamento de prioridades dos ativistas ambientais com a recente criação da Frente pelas mudanças climáticas, inspirada em ações de movimentos religiosos relacionados a Campanha da Fraternidade 2025 e que conta com a participação de muitos simpatizantes.

Trata-se de um movimento de caráter ecumênico pois são muitos católicos, protestantes, evangélicos e praticantes de outras denominações que estão se unindo e lutando por ações práticas e efetivas sobre como proteger nascentes, plantar arvores, auxiliar cooperativas na inclusão social, preservar a biodiversidade e proteger melhor os recursos hídricos da Sem Limites.

A Sem Limites precisa começar a pensar de forma mais determinada e planejar como reduzir as nossas fontes de emissões de carbono incentivando e como melhorar a mobilidade urbana com o uso ampliado das ciclovias, melhorando as rotas do transporte público para facilitar o deslocamento coletivo e por isso seria bom indagar e refletirmos: já não caberia uma revisão de atribuição e funções ou uma maior aproximação entre os órgãos municipais e quais gestores que deveriam cuidar desta importante tarefa de compatibilizar ações em prol do clima e do meio ambiente?

A Emdurb responsável pelo trânsito da Sem Limites tem tantas atribuições burocráticas e tantos outros problemas a resolver que acaba dando pouca atenção as questões relacionadas a melhoria da mobilidade urbana.

Limita-se a agir na fiscalização, zonas de estacionamento e pouco discute melhorias no transporte coletivo e redução de emissões de carbono.

Apenas como exemplo: a ampliação da pequena frota de ônibus elétricos, iniciada como teste há muitos anos atrás, parece ter estacionado apenas nos testes e a frota não cresce há anos com isso aumentam as reclamações da falta de adequação e horários das rotas dos ônibus circulares entre as diferentes regiões da cidade. Com mais ônibus elétricos nas ruas reduziremos significativamente as nossas emissões de carbono!

E temos algum incentivo para ampliar a frota particular de veículos elétricos circulando pela cidade?

Já a Semma responsável maior pelo questões ambientais, permanece com uma parcela insuficiente dos recursos do orçamento municipal para tantas prioridades e emergências, embora os recursos tenham sido revistos pela prefeita e ampliados no atual orçamento, mas este setor com responsabilidades enormes e crescentes ainda permanece sem condições de realizar e efetuar medidas mais abrangentes para enfrentar todas as questões ambientais que vão se multiplicando em escala progressiva.

A Secretaria de Desenvolvimento Econômico (antiga Sedecom) também de orçamento limitado tem procurado isoladamente resolver algumas destas questões como a revisão da lei do Cerrado, mas não tem articulação suficiente para discutir, ao mesmo tempo, questões administrativas de desenvolvimento econômico e tecnológico e entrar em questões ambientais para desbloquear a utilização de espaços remanescentes de cerrado em áreas urbanas e permitir a ampliação de nossas empresas locais geradoras de empregos.

A Regional do Ciesp e o GDS - Grupo de Desenvolvimento Sustentável do Ciesp Regional Bauru estão atentos a estas diversas questões de interesse da cidade e de suas indústrias associadas que impactam no relacionamento entre meio ambiente e clima e abertos para um debate franco e produtivo em prol da cidade Sem Limites.

Já passa da hora de o Poder público reagir administrativamente e rever estas zonas de sombra entre competências de órgãos municipais e de enfrentar de forma determinada e coletiva as questões decorrentes das mudanças climáticas e resolvermos velhas questões ambientais que tanto afligem nossos cidadãos e nossos investidores do setor industrial.

O autor é professor do Centro Universitário Bauru da ITE é economista, administrador, mestre em Administração e doutor em Engenharia de Produção. Coordenador do GDS – Grupo de Desenvolvimento Sustentável – Ciesp – Regional Bauru e delegado municipal adjunto do Corecon – Conse- lho Regional dos Economistas.