05 de dezembro de 2025
COLUNISTA

Diversidade ou depravação?

Por Hugo Evandro Silveira |
| Tempo de leitura: 4 min
Pastor Titular - Igreja Batista do Estoril

Quando a Cultura Afronta a Fé

Vivemos em uma era na qual o conceito de "liberdade cultural" tem sido distorcido e instrumentalizado para legitimar práticas moralmente reprováveis, justificar o pecado e desferir ataques diretos aos fundamentos da fé cristã. Observa-se uma crescente proliferação de manifestações que, sob a pretensa chancela da arte, extrapolam os limites do decoro público e, de modo intencional, profanam símbolos sagrados da tradição cristã. Exposições apresentam imagens que não apenas vulgarizam o sagrado, mas promovem condutas abertamente criminosas, como pedofilia e zoofilia, associadas à blasfêmia e obscenidade. Entre tais representações, destacam-se figuras grotescas de Jesus Cristo ridicularizado, Maria - a mãe de Jesus - animalizada, elementos litúrgicos da Ceia do Senhor tratados com escárnio, e cenas de orgias apresentadas como expressão estética legítima. O fato de que essas iniciativas, por vezes, contam com financiamento público, agrava ainda mais o cenário, sobretudo em um país como o Brasil, assolado por graves deficiências nas áreas da saúde, educação e segurança. Diante desse quadro, a reação de repúdio por parte da sociedade - especialmente dos cristãos - não apenas se mostra coerente, mas absolutamente legítima e necessária, à luz da ética bíblica e da cosmovisão cristã.

A Palavra de Deus já advertia: "Sabe, porém, isto: nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis..." (2Tm 3.1). A descrição bíblica inclui homens amantes de si mesmos, desobedientes, irreverentes e amantes dos prazeres mais que de Deus. A sociedade moderna, sob o rótulo de progresso, está promovendo justamente esse espírito de rebelião. A Confissão de Fé de Westminster (CFW), em seu capítulo VI, declara: "Por este pecado [a queda], perderam a retidão original e ficaram corrompidos em todas as partes do seu ser". Essa corrupção total faz com que, sem a graça regeneradora de Deus, o ser humano incline-se naturalmente ao mal - como vemos em atos que não apenas toleram, mas celebram a depravação.

O ataque ao cristianismo, longe de ser acidental, revela-se intencional e seletivo. Em exposições que alegam promover diversidade ou crítica cultural, raramente se observa qualquer afronta ao islamismo ou a outras tradições religiosas - o escárnio concentra-se quase exclusivamente sobre a fé cristã. Tal hostilidade se explica, em parte, pelo fato de o cristianismo bíblico, anunciar verdades absolutas reveladas por Deus, confrontando os valores de uma sociedade relativista. Ainda assim, o cristianismo autêntico responde com mansidão, promovendo o diálogo, pregando o arrependimento e denunciando o pecado com amor e firmeza, sem recorrer à violência ou à coerção. Como ensinou o apóstolo Pedro: "Antes, santificai a Cristo como Senhor em vosso coração, estando sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós" (1Pd 3.15).

Na cosmovisão cristã, o Estado é ministro da justiça de Deus (Rm 13.1-4), e tem a obrigação moral de punir o mal e proteger os inocentes - não de financiar perversidades. A CFW, capítulo XXIII, reforça: "O magistrado civil tem o dever de proteger a Igreja de modo que o povo de Deus possa viver quieta e pacificamente". É inaceitável que, sob o argumento da arte, se promova crimes como pedofilia e zoofilia. Não se trata de conservadorismo - trata-se de civilidade, lei e, acima de tudo, santidade. "Sede santos, porque Eu sou santo" (1Pd 1.16). O escritor cristão Percival Puggina alerta para o avanço de uma "pedagogia sexual" que flerta com a pedofilia em nome da educação. Livros obscenos chegam às escolas, supostamente destinados a professores ou adolescentes, mas em muitos casos acessíveis a crianças. É parte de uma agenda que visa normalizar o anormal e calar quem se opõe. Como Igreja de Cristo, não nos é permitido o silêncio cúmplice diante da crescente banalização do pecado em nossa cultura. A exortação do apóstolo Paulo permanece atual: "E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente" (Rm 12.2). Em um cenário onde a perversidade moral ocupa, cada vez mais, os espaços públicos - inclusive os destinados à formação das crianças -, os cristãos devem posicionar-se com firmeza, graça e integridade, testemunhando a verdade revelada nas Escrituras. A fé enraizada na soberania absoluta de Deus sobre todas as esferas da existência, não se curva às pressões culturais, antes proclama, com ousadia e humildade, que Cristo é Senhor sobre tudo e todos. Embora respeitemos a liberdade individual no âmbito civil, exigimos que ambientes públicos, sobretudo os acessíveis à infância, observem os limites da ética, da legalidade e, sobretudo, da santidade. Práticas como pedofilia e zoofilia não podem, sob qualquer alegação de expressão artística, serem toleradas como temas de debate: são, inequivocamente, crimes contra a dignidade humana e transgressões graves à santidade de Deus.

IGREJA BATISTA DO ESTORIL - 63 anos atuando Soli Deo Gloria