25 de dezembro de 2025
GREVE 'CONGELADA'

Professores rejeitam proposta do Estado e mantêm estado de greve

Por Pedro Dartibale | da Redação
| Tempo de leitura: 4 min
Sampi/Franca
Reprodução
Assembleia Estadual realizada nesta sexta-feira, 25, em São Paulo.

Após intensa mobilização dos professores, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEDUC) apresentou uma proposta por escrito em resposta às principais reivindicações da Campanha Salarial e Educacional 2025 dos professores da rede estadual. O documento foi entregue na última sexta-feira, 25, mas as medidas foram consideradas insuficientes pela APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), que decidiu manter o estado de greve e realizar uma nova assembleia no dia 9 de maio, na Praça da República, capital paulista.

O governo propôs um reajuste de 5%, com envio de projeto de lei à Assembleia Legislativa até o fim de abril. No entanto, a categoria reivindica a recomposição do poder de compra com base na Meta 17 do Plano Nacional de Educação (PNE) e do Plano Estadual de Educação (PEE), além do pagamento de 10,15% que permanece judicializado no Supremo Tribunal Federal (STF). A SEDUC também anunciou, de forma controversa, o pagamento de um abono complementar de 6,27% no dia 8 de maio, com valores retroativos a janeiro depositados até 20 de maio.

Valorização da carreira e condições de trabalho

Entre os avanços parciais, está a criação de uma Mesa Permanente de Valorização do Magistério, que discutirá pontos como a atratividade da carreira e as regras do estágio probatório. A APEOESP também conquistou a flexibilização para reposição de aulas dos dias de paralisação, além da formação de uma comissão paritária para debater novas normas para a atribuição de aulas e recondução de professores.

O sindicato ainda reivindica mais chamadas de aprovados em concurso público. Até o momento, a SEDUC prevê a nomeação de 15 mil docentes em 2025 e 10 mil em 2026, número abaixo dos 44 mil solicitados pela APEOESP, com base em ação judicial do Ministério Público.

Infraestrutura e alimentação nas escolas

A climatização das escolas é outro ponto prioritário. A SEDUC afirma que o processo está em andamento, mas ainda sem um cronograma definido. O sindicato também cobra a inclusão da educação climática no calendário escolar.

Outro tema importante é a alimentação dos profissionais da educação nas escolas. Apesar de alegações sobre entraves legais, a SEDUC se comprometeu a trabalhar junto à APEOESP e ao Ministério Público para viabilizar essa demanda. Uma comissão técnica analisará a viabilidade jurídica e financeira da proposta.

Educação Especial e reabertura de classes

A APEOESP segue pressionando contra a terceirização na Educação Especial e exige a contratação direta de profissionais por concurso. Também há compromisso da SEDUC em reabrir classes no ensino diurno e noturno, desde que haja demanda, a ser identificada com apoio das subsedes sindicais e da comunidade escolar.

Insatisfação nas escolas e adesão em Franca

Em Franca, a mobilização expressiva dos educadores reflete o descontentamento com as atuais políticas educacionais. Segundo a professora Graciele Alves Ferreira, da Secretaria da APEOESP em Franca, “estamos enfrentando um cenário de descaso com a educação. A adesão dos professores de Franca é uma demonstração clara de que não dá mais para continuar nas atuais condições”.

No primeiro dia da greve, três escolas da cidade, David Carneiro Ewbank, Israel Niceus Moreira e Vicente Minicucci, tiveram paralisação total das atividades, afetando cerca de 2.400 alunos em três turnos. As unidades funcionam com estrutura ampla: a David Carneiro possui 20 salas, enquanto a Vicente Minicucci tem 11, e a Israel Niceus Moreira, uma escola de tempo integral (PEI), conta com 12 salas.

Segundo a subsede da APEOESP em Franca, cerca de 75 docentes já aderiram formalmente ao movimento. Outras escolas, como Adelina Pasquino Cassis, Evaristo Fabrício, Lina Piccioni, Otávio Martins, Lydia Rocha e Celso Toledo, também registraram desfalques significativos em seus quadros de professores.

Conflito judicial e mobilizações futuras

Apesar da entrega das propostas, o governo ingressou com uma ação judicial contra a greve. Uma liminar do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) impôs restrições ao movimento e marcou audiência de conciliação virtual para o dia 5 de maio, às 14h30. Nesse mesmo dia, atos e vigílias serão realizados em todas as Diretorias de Ensino.

A assembleia do dia 9 de maio será decisiva para os próximos passos do movimento grevista. Até lá, o sindicato deverá realizar visitas às escolas, panfletagens, carreatas e outras ações de mobilização.

A categoria reafirma a necessidade de unidade e mobilização para garantir avanços reais. O sindicato exige do governo estadual um compromisso concreto com a valorização da educação pública e de seus profissionais.