Durante visita a Campinas nesta sexta-feira (22), o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) saiu em defesa do plano de concessão de rodovias na Região Metropolitana de Campinas, projeto que prevê instalação de pedágios em vias que atualmente são gratuitas, como a Rodovia Luiz de Queiroz (SP-304) e estradas do Circuito das Águas. A proposta é alvo de críticas de prefeitos da região, vereadores e movimentos organizados, que alertam para o impacto social e econômico da medida.
Tarcísio foi questionado sobre o tema após participar de uma cerimônia na Escola Estadual Carlos Lencastre, onde entregou títulos de regularização fundiária e lançou o programa Guri na Escola. Em resposta, afirmou que os pedágios são essenciais para garantir recursos e viabilizar as obras de infraestrutura prometidas.
“Você gosta de pagar pedágio? Eu também não. Mas de que outra forma seria possível investir R$ 16 bilhões nessas rodovias?”, declarou o governador, reforçando que sem a concessão, o Estado não conseguiria executar duplicações e melhorias previstas no Lote Mogiana, que inclui a SP-304.
O governador comparou a atual resistência ao modelo com as críticas enfrentadas por gestões anteriores e usou com exemplo o processo de privatização de rodovias iniciador pelo governador Mário Covas. Tarcísio defendeu que a experiência com concessões já provou sua eficiência, lembrando que nove das dez melhores rodovias do país estão em São Paulo, todas pedagiadas.
A SP-304 , por exemplo, deve receber três pórticos de cobrança nos municípios de Americana, Santa Bárbara d’Oeste e Piracicaba. Diferente do modelo tradicional com cabines, o sistema será o “free flow”, em que a cobrança é feita de forma automática por tag ou reconhecimento de placa, com envio da fatura ao motorista.
Tarcísio afirmou que as audiências públicas estão em andamento e ajustes ainda podem ser feitos, mas defendeu o modelo por cobrar de forma proporcional à distância percorrida.
“É melhor ter quatro pórticos de R$ 1 do que uma praça de pedágio de R$ 15. A lógica é você pagar por quilômetro rodado”, argumentou. “Os usuários precisam entender o que querem: se querem qualidade e investimento, essa é a forma de viabilizar.”
Apesar do discurso favorável, o projeto enfrenta forte oposição na região de Campinas, especialmente em cidades diretamente afetadas, como Americana e Santa Bárbara d’Oeste. Prefeitos aliados ao governador também já se posicionaram contra os pedágios na SP-304, alegando prejuízo à mobilidade urbana, ao transporte coletivo e aos trabalhadores que utilizam a rodovia diariamente.
Movimentos como o Educadores Unidos pelo Brasil também articulam mobilizações e abaixo-assinados para tentar barrar o avanço da concessão.
O edital de concessão do Lote Mogiana deve ser lançado em junho, com leilão marcado para setembro. A assinatura do contrato está prevista para abril de 2026. Segundo o governo, os pórticos de pedágio devem começar a operar em maio de 2027, após as intervenções iniciais.
Além do trecho da SP-304, o projeto abrange outras rodovias da região e prevê duplicações, recapeamento, melhorias de segurança e acessibilidade viária, com investimento total estimado em R$ 16 bilhões.