Ele é figura conhecida das torcidas dos times de vôlei do Sesi e do Bauru Basket e, no domingo passado, ajudou a embalar os noroestinos na partida decisiva que garantiu a permanência do Alvirrubro na elite do Campeonato Paulista. O apresentador, ator, comunicador e professor Fernando Urbaneja, 56 anos, mais conhecido como Fernando Pakatcholo, é o animador do jogos esportivos de alto rendimento de Bauru e dono de uma trajetória que une amor pelas quadras com talento para o entretenimento.
Nascido em São Caetano do Sul, onde jogou vôlei até a adolescência, ele mudou-se para Bauru há 34 anos, após apaixonar-se por Angela, com quem tem os filhos Felipe, 28 anos, e Amanda, 21 anos. Na cidade, o casal construiu carreira na palhaçaria e Fernando também foi, por muitos anos, Papai Noel do Bauru Shopping.
Como palhaço ou o Bom Velhinho, fez incontáveis ações voluntárias em bairros periféricos, creches e no Hospital Estadual, este último por meio do Projeto Alegria. Ele já estava trabalhando como professor de educação física, profissão que exerce até hoje, quando tornou-se o primeiro mascote do vôlei e o dragão que antecedeu o Dunk, no basquete, atividades que foram a ponte para a carreira como animador dos times.
Nesta entrevista, Fernando relembra momentos importantes de sua história e detalha estas e outras curiosidades por trás do comunicador que incendeia as torcidas para motivar os jogadores profissionais da cidade. Leia os principais trechos.
JC - Quando foi sua conexão com o esporte?
Fernando - Comecei a jogar vôlei aos 12 anos e joguei até os 20 anos no São Caetano/Vila São José, mas nunca fui atleta de ponta. O esporte não tinha a profissionalização de hoje, mas me apaixonei porque, nas Olimpíadas de 1984, em Los Angeles, o Brasil foi medalha de prata e jogadores da seleção como Renan, Montanaro, William, Xandó e Amauri jogavam na Pirelli em Santo André. Na época, eu era mirim e vi muito esses caras jogando contra o adulto do São Caetano.
JC - E quando como surgiu o lado artístico?
Fernando - Puxei meu pai, que sempre foi brincalhão. Comecei aos 16 anos como palhaço, a convite de um professor de matemática que tinha uma companhia de teatro. Um ano depois, fui chamado para fazer Papai Noel em um asilo e aquilo me tocou. Em 1987, comecei a trabalhar como recreador junto com este professor no Eduardo's Park Hotel em Cotia. Continuei no vôlei e, quando cheguei à categoria adulto, em 1991, entre tomar bolada do Montanaro e fazer outra coisa, fui fazer eventos.
JC - Quando mudou-se para Bauru?
Fernando - Eu comecei a namorar a Angela em 1990, depois de conhecê-la na danceteria Ilha de Capri, em São Bernardo do Campo, onde eu era segurança. Ela morava em Bauru e nos casamos em 1991, quando vim para cá. Em 1992, minha cunhada Patrícia, a Angela e eu fizemos um evento em São Paulo, quando nasceu a companhia Pakatcholo. Então, a Angela e eu começamos a fazer animação de festas em Bauru, como palhaço Espuleta e Sininho. Fazíamos cerca de 20 eventos por mês, em aniversários, escolas, empresas, clubes. Depois, incorporei Pakatcholo como palhaço.
JC - Teve outros trabalhos como ator?
Fernando - De 1994 a 2012, fui Papai Noel no Bauru Shopping. Com irreverência, passeava de moto elétrica pelos corredores, distribuía balas nas lojas. Era meu diferencial. Paralelamente, continuei fazendo eventos como palhaço. Em 1997, o Felipe nasceu e, pensando no futuro dele, fui fazer faculdade de educação física. Comecei a dar aulas em 2000, antes do fim da graduação, e garanti bolsa de estudos para meus dois filhos nas escolas onde trabalhei. Fui professor no Pequeno Polegar; no Cisne Real, onde coordenei, de 2011 a 2014, a Escola de Vôlei Bernardinho; no Seta; no Dinâmico; no Colégio São José como substituto; na Apae; e agora dou aulas no Chaminade. Também tenho um projeto de vôlei com turmas em condomínios, que somam cerca de 50 crianças.
JC - Quando o esporte profissional voltou para sua vida?
Fernando - Desde 2013, sou apresentador de eventos da Scania Administradora de Consórcios, de São Bernardo. E, em 2012 e 2014, fui o mascote dos Jogos Abertos do Interior em Bauru, o tamanduá Tatá. O Reinaldo Mandaliti adotou o Tatá como mascote da Associação Vôlei Bauru e, quando fomos campeões da Superliga B, em 2015, peguei o microfone como Tatá e fiquei comemorando o titulo. Desde então, passei a ser o animador da torcida e me identifiquei. Hoje, faço o entretenimento dos jogos em Bauru dos times feminino e masculino do Sesi e faço, quando convidado, jogos em outras cidades do País como da seleção brasileira Sub-21 e da Liga das Nações.
JC - Foi a ponte para animar as partidas do Bauru Basket?
Fernando - Eu já tinha sido o Tiligão, o primeiro mascote do Bauru Basket, antecessor do Dunk. Na época, o time era o Tilibra/Copimax, campeão paulista de 1999. Sugeri ao Caio Coube (então executivo da Tilibra) fazermos um mascote igual aos da NBA, ele gostou e uma figurinista do SBT, que eu conhecia, fez a roupa do dragão. Depois de um tempo, saí para priorizar a faculdade e voltei por mais um período como apresentador, quando os jogos eram na Luso. Aí, voltei definitivamente em 2018 para fazer o protocolo oficial e a animação dos jogos.
JC - Você teve alguma relação com o SBT?
Fernando - Em 1994, a Angela e eu começamos a fazer figuração no SBT em São Paulo. Recebíamos cachê para ficar na primeira fileira do auditório do Domingo Legal com o Gugu, do Sabadão Sertanejo, da Hebe e do Jô Soares Onze e Meia. Depois, fizemos figuração da novela 'Sangue do meu sangue' e, em 1995, gravamos um episódio do Táxi do Gugu. Também fiz uma encenação no Programa Livre, do Serginho Groisman, em 1998, mas vieram filho, o curso de educação física e fui me afastando. Ainda assim, em 2000, cheguei a apresentar o programa Negócios e Oportunidades no SBT daqui, mas minha paixão é mesmo o entretenimento.
O QUE DIZ O COMUNICADOR
'A Angela e eu fazíamos animação de festas como palhaços. Eram cerca de 20 eventos por mês'
'Quando o vôlei foi campeão da Superliga B, peguei o microfone como mascote Tatá e, desde então, sou o animador'
'Também já fiz jogos em outras cidades, como da seleção brasileira Sub-21 e da Liga das Nações'