26 de dezembro de 2024
OPINIÃO

Homeopatia

Por Adilson Roberto Gonçalves |
| Tempo de leitura: 1 min
O autor é pesquisador na Unesp – Rio Claro

É notório que as pessoas confundem homeopatia com fitoterapia. A ação de extratos de plantas é a base de boa parte dos medicamentos existentes, devidamente testados e aprovados. A homeopatia tem outro conceito, o da diluição infinita em que às soluções de uma substância são adicionados volumes de água e mais água até que não haja mais a possibilidade de haver quantidades significativas da substância ali.

A "memória da água" estaria por trás do "efeito", em que o espaço que as moléculas ocupavam são transmitidos com a adição de mais água. Pura bobagem, pois a energia da dinâmica interna do líquido é milhões de vezes maior do que a estabilização dessa estrutura sem a molécula. Mas o comércio não esclarece essa fundamental diferença e continua chamando fitoterápico de homeopatia.

Assim, dou os parabéns à pesquisadora Natália Pasternak pelo trabalho de divulgação científica que realiza, incluindo a denúncia em relação à homeopatia. É importante sua clareza e coragem ao dizer o que precisa ser dito em relação a mitos científicos que ainda pululam por aí, rotulando de "terraplanismo médico" a homeopatia em particular.

Mas será muito difícil demover a população da prática homeopática, uma vez que o efeito placebo responde por cerca de 20% do sucesso do "tratamento" (desse, de qualquer outro e da ausência de tratamento, que fique bem claro).

A comunidade médica criou o mito quase ptolomaico da homeopatia e das práticas milenares chinesas e o próprio presidente chinês Xi Jinping afirmou isso em seu discurso na visita oficial ao Brasil. Fato é que há muito médico esfregando as mãos, tanto para "canalizar chacras" quanto para se preparar para receber polpudos proventos sem esforço.