A pedido da Polícia Civil, por meio do Setor Especializado de Combate aos Crimes de Corrupção, Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro (Seccold), a Justiça decretou 18 bloqueios de bens, entre pessoas físicas e jurídicas, no âmbito das investigações relativas ao caso Claudia Lobo. Segundo o delegado Glaucio Stocco, titular do Seccold, a ideia é justamente ressarcir a Apae, alvo de desvios de verba por um grupo de pessoas apontado por ele como organização criminosa.
“Fizeram a Apae sangrar em milhões de reais”, acrescentou o chefe do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), delegado Ricardo Dias. Subordinado ao Deic, o Seccold desencadeou uma operação nesta terça-feira (3), que também resultou na prisão de oito pessoas, entre elas a filha de Claudia Lobo, Letícia Lobo; Pérsio Prado, pai de Letícia e ex-marido de Claudia; a irmã da secretária-executiva, Helen Lobo; o esposo dela, Diamantino, assim com funcionários da Apae e ex-funcionários da entidade, além de um policial militar reformado, que fazia serviço de segurança na associação, conforme o JCNET divulgou.
Uma pessoa com mandado de prisão expedido não foi localizada, mas o advogado dela informou ao delegado Glaucio Stocco que a apresentará nesta quarta-feira (4), quando haverá uma entrevista coletiva sobre as investigações. Até lá, o Seccold tentará levantar o sigilo das apurações junto à Justiça, que decretou bloqueio de bens como imóveis e oito carros, por exemplo.
Entre os presos está o ex-coordenador financeiro da Apae Renato Golino, que em 2020 foi o ganhador do prêmio principal do mais tradicional sorteio da entidade e levou para casa um Onix Joys. Maria Lucia Miranda, que atualmente exerce a mesma função, também está detida.
Temporárias, as prisões são válidas por 5 dias, período em que os nove serão ouvidos. É possível que Stocco solicite à Justiça a prisão preventiva de todos eles ou de alguns, ao final do prazo e conforme os depoimentos ocorrerem.
O trabalho desencadeado pelo delegado neste terça recolheu armas e celulares, através de mandados de busca e apreensão cumpridos em 18 endereços. Os presos são investigados pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Todos os parentes de Claudia Lobo presos na operação desta terça-feira (3) prestavam serviços à entidade. A filha Letícia Lobo e Pérsio, seu pai e ex-marido da ex-secretária executiva, nem contrato tinham, segundo informou a Polícia Civil. Causou estranhamento na equipe o fato de a moça ter renda de aproximadamente R$ 2.500,00, mas ainda assim fazer várias viagens internacionais. Só neste ano, teria ido à Disney três vezes.
Já Helen Lobo e o esposo dela, Diamantino, seriam proprietários de uma empresa em Agudos, que emitia notas frias para a Apae, assim como uma empresa de limpeza, que teria recebido depósito na ordem de R$ 120 mil, embora não haja comprovação de que o material tenha sido realmente entregue ao almoxarifado, sob o comando de Dilomar Batista, também denunciado pela ocultação de cadáver.
Um ‘arsenal’ em armas foi apreendido com um policial militar aposentado, que fazia a segurança para a Apae. Ele foi autuado em flagrante por conta das armas, inclusive algumas de uso restrito, que ele mantinha em sua casa. Durante a operação, que contou com 62 policiais, também foram apreendidos joias e celulares, muitos deles iPhone 15, que eram comprados pela entidade e entregues a alguns funcionários.