Um servidor do Ministério Público (MP) de São Paulo foi preso nesta quinta-feira (28) em operação que apura o vazamento de dados sigilosos de processos judiciais para membros do PCC (Primeiro Comando da Capital). O JC apurou que o suspeito foi detido em Bauru e é oficial da Promotoria Pública de Lençóis Paulista.
A prisão foi determinada pela 2.ª Vara Criminal de Mogi das Cruzes e vem como desdobramento da operação "Khalifa", a cujos autos criminosos tiveram acesso repetidas vezes a partir da senha do servidor. Ele já passou por audiência de custódia, onde a prisão foi ratificada pelo juiz plantonista Arthur de Paula Gonçalves.
A operação desta quinta-feira foi realizada de forma conjunta pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de SP e do Setor de Combate ao Crime Organizado, Corrupção e Lavagem de Dinheiro (Seccold) da Polícia Civil.
A decisão diz que "o servidor é lotado no MP de Lençóis Paulista e supostamente se utiliza do aparato estatal para fomentar a organização criminosa, emprestando seu login e senha".
Além da prisão, também foi determinada a proibição de contato com os demais investigados e a suspensão do cadastro e acessos virtuais no sistema processual eletrônico a partir da conta do oficial de Promotoria de Lençóis Paulista.
A apuração investiga suposto esquema de obstrução da Justiça, violação de sigilo e corrupção.
"Segundo o apurado, criminosos, inclusive ligados ao PCC, obtiveram em circunstâncias ainda a serem esclarecidas senha de um servidor para acessar conteúdo de processos judiciais, com violação sucessiva de dados sigilosos", afirmou o Gaeco.
A senha do servidor preso, de acordo com a operação, teria sido usada por criminosos ligados à facção, advogados, e outras pessoas ainda não detalhadas, para acesso e donwload de processos sigilosos no sistema do Tribunal de Justiça.
A reportagem apurou que os membros do PCC eram clientes, assim como outros, de um serviço de acesso a partir dessa senha vazada.
São cumpridos cinco mandados de busca e apreensão em três cidades do Estado, além de dois mandados de prisão temporária. Participam das diligências promotores de Justiça, servidores e 40 policiais militares.