O corpo humano é constituído por cerca de 60 a 70% de água, ou seja, um monte de hidrogênio e oxigênio. Temos perto de 18% de carbono, um dos principais componentes de proteínas e gorduras. Aparecem em doses menores o cálcio, nitrogênio, fósforo, potássio, enxofre, sódio, magnésio.
Todos esses elementos foram criados, sob o efeito de muita pressão, no núcleo de estrelas formadas a partir das nuvens do elemento primordial do universo, o hidrogênio. Essa pressão gravitacional foi quem acendeu o processo de fusão nuclear que uniu núcleos atômicos leves em outros cada vez mais pesados. Quando as estrelas não têm mais o que fundir, algumas se apagam calmamente enquanto outras entram em colapso sob ação da gravidade, implodem e espalham tudo aquilo que produziram pelo cosmo. E aqui estamos nós, feitos de átomos lançados no espaço interestelar por estrelas moribundas.
Mas, a composição física de nossos corpos muda constantemente. Enquanto algumas células permanecem conosco por toda a vida, outras partículas de nosso corpo são trocadas por novas toda vez que respiramos, bebemos ou comemos, afinal é assim que crescemos. Estamos sempre reaproveitando átomos que pertenceram a animais, plantas, bactérias.
Um estudo de datação por carbono revelou que uma célula, em um ser humano adulto, tem em média sete anos de idade. Será que mudamos ao sabor das partículas que passam a fazer parte do nosso corpo? Será que o comportamento dessas partículas determina nosso comportamento?
Quando dizemos que fulano está vivo podemos afirmar que ele não é agora o que era na semana passada porque ele está sempre se renovando. Se nossas partículas são renovadas com tanta frequência, por que envelhecemos? Se essas partículas não envelhecem, por que não ficamos eternamente jovens?
Parece que envelhecemos por erros ou falhas, possíveis de acontecer, na reprodução de nossas células constituídas por uma infinidade de partículas. Um pouquinho de cada vez, um erro somado a outro e nossos órgãos passam a funcionar com menor eficiência até que, por fim, algo se quebra ou não pode mais ser consertado: um órgão vital deixa de funcionar ou um vírus vence nosso sistema imunológico.
Essas partículas que fazem parte de nosso corpo não se emocionam, não têm sentimentos. Portanto, parece-me que a propriedade relevante dos humanos não está nessas partículas e sim na forma como elas são organizadas, na maneira como as informações que absorvemos são processadas e nos valores que cultivamos. Somos seres espirituais de passagem pelo mundo físico. Somos como a Luz, só parecemos ser algo físico pelas partículas que carregamos.
De todos os fenômenos físicos, a luz é a mais fugidia. Não podemos ver a luz - podemos ver apenas os objetos que ela reflete. Não podemos pegá-la em nossas mãos, ouvi-la, prová-la, cheirá-la, muito menos, medi-la.
A luz parece algo físico, pois, é constituída por fótons, mas, nem a mecânica quântica consegue fornecer tanto a velocidade quanto a posição de um fóton de luz. Não porque não temos ferramentas suficientemente boas para fazê-lo, mas, porque se determinamos a sua velocidade não há posição a ser definida, ou se apontamos a posição não há velocidade a ser aferida.
É por esse motivo que a metáfora mais comum para o espiritual é a Luz. Somos a Luz acessa pelo sopro divino. Não a vemos, ela brilha coberta por um amontoado de partículas, podemos apenas senti-la a depender da quantidade de partículas que carregamos.