Vivemos tempos curiosos, onde influenciadores sem grande mérito se tornam ídolos para mentes desocupadas, que aplaudem até sapatos velhos nos pés dos famosos.
Enquanto isso, milhões seguem descalços — e alguns, tragicamente, sem pés — porque a vida nunca lhes deu condições de sonhar, quanto mais de consumir. Pratos extravagantes, criados por chefs renomados, recebem aplausos calorosos, mas a fome verdadeira é saciada com o arroz, o feijão e a "mistura" que apenas os trabalhadores conseguem pôr na mesa, sustentando o país, os políticos e os poderosos do judiciário, que não economizam no luxo.
Nos questionamos incessantemente sobre o que é certo ou errado, justo ou injusto, e vivemos sob as rédeas das normas que regem nossa sociedade. Regras são necessárias para convivermos em harmonia, mas nem sempre são justas ou morais.
Há coisas que a lei permite, mas a moral condena. Mentiras, infidelidades e o egoísmo extremo não são crimes, mas corroem o tecido social, enquanto aqueles que desrespeitam as normas sociais muitas vezes enfrentam o desprezo coletivo.
Normas, explícitas ou implícitas, direcionam o comportamento humano, permitindo que coexistamos. Porém, essas diretrizes não alcançam o mais profundo do ser humano: sua essência e seus pensamentos. Há quem siga regras apenas por medo da punição, não por um compromisso real com a moralidade.
O que dizer de mentes que veneram aparências, enquanto o essencial, como o carinho e a dignidade, é esquecido? Pessoas com nomes no SPC/Serasa e restrições de crédito andando com carrões luxuosos para ostentar uma aparência e vivem indignos.
Outros fazem 24 prestações para ter o celular de última geração que servirá apenas para ver redes sociais dos pseudo-famosos. O prato da vazio, mas o influenciador não pode ser deixado de lado.
Somos regidos por regras que organizam o mundo exterior, mas incapazes de transformar a indiferença que reina em muitas almas.
Talvez, em um mundo onde o supérfluo tem tanto valor, seja hora de voltarmos a dar importância ao que realmente importa: a humanidade em cada gesto, cada prato de comida simples, cada passo dado com ou sem sapatos.