29 de novembro de 2024
OPINIÃO

Consciência Negra ou Branca?

Por Geraldo Antonio Inhesta |
| Tempo de leitura: 2 min
O autor é colaborador de Opinião

Fomos forjados por mais de três séculos sob o peso de uma pseudociência racista. Até a igreja apoiou o sistema de dominação que justificava a escravidão e negava a dignidade dos africanos. A elite tem uma dívida histórica a reparar, pois o que aconteceu com os africanos foi nada menos que um holocausto. Nossa cultura é enraizada na herança africana, e muitos morreram para defendê-la. Mesmo assim, resistimos, e transformamos essa resistência em alegria, como vemos no samba e em tantas outras expressões culturais brasileiras.

Ao longo da história, negros foram deixados sem emprego, sem terras e sem assistência. O resultado foi um verdadeiro genocídio cultural e social. O projeto de branqueamento governamental deixou a população negra desassistida em áreas como saúde, educação e oportunidades de trabalho digno.

Apesar disso, nós nos adaptamos. Mas como falar em meritocracia em um país onde o racismo, seja ele consciente ou institucionalizado, é tão presente? O Brasil foi construído com a força dos braços negros e pela resistência dos africanos, que desde o início lutaram contra a opressão, como na Revolta dos Malês. Muitos africanos trazidos para cá, como os Nagô, já sabiam ler e escrever e tinham uma cultura rica, que superava em muito a dos senhores de engenho em termos de sofisticação e conhecimento. Houve também a Revolta das Carrancas, entre tantas outras formas de resistência.

A verdade é que o Brasil se capitalizou explorando a mão de obra negra. E, mesmo assim, muitos ainda hoje insistem em discriminar. Na realidade, nós, descendentes desses africanos, somos os verdadeiros heróis da identidade brasileira. E persistem em nos inferiorizar por pura ignorância histórica. Fomos negados o direito de trabalhar e de ocupar espaço na sociedade, com privilégios sendo dados a estrangeiros simplesmente porque somos um país miscigenado.

Quando o Brasil vai reconhecer e reparar o mal que causou? Até a década de 90, o sistema educacional projetava e perpetuava o racismo em suas diretrizes e na forma de ensinar. É hora de uma educação que nos inclua, que resgate a verdade e que honre as contribuições do povo negro à construção deste país.