A Polícia Civil não descarta a hipótese de que os restos mortais de Claudia Regina Rocha Lobo, ex-secretária executiva da Apae, foram triturados. A afirmação é de Cledson Luiz do Nascimento, titular da 3.ª Delegacia de Homicídios (3.ª DH) da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) e foi revelada em entrevista no videocast do JCNET “E aí, Colim?”. O delegado, que liderou as investigações do caso, também acredita que Roberto Franceschetti Filho, o principal suspeito, demonstrou frieza e "desprezo pela vida humana".
Franceschetti, ex-presidente da Apae, contou com a ajuda de um ex-funcionário da mesma entidade para ocultar o cadáver de Claudia Lobo, concluíram as investigações. O relatório final do inquérito aponta que o corpo foi incinerado por quatro dias, entre os dias 6 a 10 de agosto. No entanto, as altas temperaturas, mesmo que por tempo prolongado, não seriam o suficiente para transformar os ossos em fragmentos — estado em que o material biológico foi encontrado.
Exemplo disso, diz Cledson, é a queda do avião em Valinhos, que ocorreu poucos dias depois do assassinato. "Imagina a temperatura em que o fogo daquele daquele avião atingiu. Os corpos queimaram e mesmo assim todos foram encontrados, ainda que carbonizados", diz.
“O corpo ficou queimando no meio de papel. Quando ele [Dilomar Batista, funcionário da Apae que confessou ter auxiliado Franceschetti para desovar o corpo] voltou ao local, encontrou o esqueleto carbonizado. Em um tamanho menor, mas ainda com formato humanoide”, explica Cledson.
Para “triturar” os restos mortais, Dilomar teria empregado alguma força física. “Uma energia mecânica em cima de um resto mortal carbonizado de maneira a permanecer apenas fragmentos”, diz.
“Uma hipótese é ter colocado os restos em um saco e marretado”, completa o delegado que, inclusive, não descarta o uso de um trator.
No dia 21 de agosto, a Polícia apreendeu materiais em uma propriedade rural às margens da rodovia Cezário José de Castilho (SP-321), a Bauru-Iacanga, que foram analisados preliminarmente pelo IML local e enviados ao Núcleo de Biologia em São Paulo para confronto com as amostras de DNA - estas já recolhidas do veículo da Apae, de pertences pessoais de Claudia Lobo e de amostra da filha dela. Segundo a polícia, laudo preliminar já apontou que se tratam de fragmentos de ossos humanos. Até o momento, porém, não há a confirmação de que os fragmentos pertenciam à ex-secretária executiva.
Após o assassinato e deixar o corpo em posse de Dilomar, Roberto Franceschetti se dedicou a montar seu álibi, diz Cledson. O primeiro passo foi abastecer seu veículo pessoal em um posto de gasolina localizado na avenida Nuno de Assis. O ex-presidente acreditava que as imagens de câmera de segurança e nota fiscal o livrariam de suspeitas. Ele também marcou de deixar um celular com uma outra funcionária da Apae. Cledson informa, inclusive, que o telefone era um iPhone 15 — modelo usado por toda a diretoria da entidade.
Dentro dessa tentativa de criar álibi, ressalta o delegado, Franceschetti mandou diversas mensagens para o celular de Claudia. “Não esqueça que amanhã temos reunião”, teria sido um dos textos enviados à ex-secretária executiva. Roberto também ligado para a vítima diversas vezes como se estivesse tentando encontrá-la.
“Esse tipo de atitude demonstra frieza e total desprezo com a vida humana”, diz o delegado.