A ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil, trouxe detalhes dos motivos que levaram a Autoridade Monetária a elevar a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, atingindo 11,25% ao ano.
Um aspecto relevante refere-se ao cenário econômico externo, que continua desafiador, com incertezas econômicas e geopolíticas, especial nos Estados Unidos e na China.
O Comitê enfatizou ainda a necessária contenção do crescimento dos gastos públicos, a busca do cumprimento das metas fiscais, e se isso ocorrer pode levar a melhora nas condições de risco no médio e longo prazos, reduzindo assim o prêmio de risco, porém, isso tem que ser concreto.
Os membros da diretoria do Banco Central avaliaram que o mercado de trabalho brasileiro continua dinâmico, com taxa de desemprego baixa, o que contribui para a pressão inflacionária, principalmente no setor de serviços. Tudo isso é comprovado com a inflação permanecendo acima da meta máxima que é de 4,5% ao ano. Lembrando que a meta de inflação é de 3% ao ano com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
A chamada desancoragem das expectativas de inflação é uma preocupação significativa. Diante deste cenário o indicativo é que o aperto monetário será mantido, posto que o Banco Central tem compromisso com a convergência da inflação para a meta fixada, portanto, os juros não somente não cairão como o viés é de alta.
É sempre bom ressaltar que juros mais elevados impactam negativamente no crescimento econômico e que pode reverter ao longo do tempo esse bom momento do mercado de trabalho, engessando a economia, além disso, cresce a inadimplência e os investimentos produtivos são adiados. A renda das famílias fica comprometida e a roda da economia não gira. Infelizmente, dado modelo econômico adotado pelo governo federal, cuja política fiscal é mais frouxa, não resta outra opção ao Banco Central senão controlar a inflação e para tanto utilizará a exaustão a política monetária restritiva.
Quem sabe os cortes nos gastos públicos tragam ao menos uma sinalização futura de que o modelo atual será modificado. Não basta desejar, tem que ser factível. Neste caso vale lembrar a frase de Júlio César, famoso líder romano: "À mulher de César não basta ser honesta, tem que parecer honesta".