29 de novembro de 2024
OPINIÃO

As palmas do Sinuhe

Por Gilmar Dias |
| Tempo de leitura: 2 min
O autor é jornalista

Já faz um tempinho estava descendo a avenida Getúlio Vargas, região do Aeroclube. Era noite e fim de semana, provavelmente domingo. Com o trânsito tranquilo, observo na calçada o professor Sinuhe e mais um garoto, à espera para atravessar. Olhei pelo retrovisor e vi que não havia carro à minha direita. Momento seguro. Parei! Pra minha surpresa, o elegante Sinuhe me devolveu a gentileza com palmas e atravessou a avenida dando sinais de reconhecido agradecimento. Não desmerecendo o carinho do competente professor e noroestino roxo, segui meu caminho remoendo a cena que acabara de vivenciar. Sinuhe, suas palmas são provocativas, obrigado!

Os neurônios começaram a tilintar. Lembrei que, sem muito esforço, fui educado pra dizer algumas palavras que usamos no nosso cotidiano: obrigado, bom dia, por favor ... e por aí vai. Dizem que gentileza, gera gentileza! Nem sempre, mas vamos em frente.

A todo momento que pratico a educação que recebi, vejo cada vez mais as pessoas surpresas. Não faço gentilezas pra receber elogios, embora sejam bem-vindos; as faço de maneira espontânea, com a intenção de colaborar com o próximo. Afinal, não é assim que deveria ser? Deixa pra lá; avancemos.

Outro dia, esse mais recentemente, estava na fila do supermercado como qualquer outro mortal. Estou em um momento da vida bem mais tranquilo. Não finalizo mais edições de jornais, não corro contra o relógio, contra o tempo. Desacelerei. Vejo que logo atrás de mim estava uma senhorinha, com o carrinho bem mais cheio do que o meu. Abri o caminho e disse: "passe!". Ela abriu um sorriso e surpresa agradeceu. Agradeceu muito! Referiu-se a minha gentileza como uma bênção porque estava atrasada com as tarefas do dia a dia.

Sinuhe e caros leitores, a palavra gentileza está na UTI e junto com ela o seu significado prático. Será que se salva? O mundo está cada vez mais frio, embora o calor sufocante prevaleça terrivelmente. Como diria uma das minhas grandes inspirações bauruense: Oremos!