29 de novembro de 2024
OPINIÃO

Eleição de Trump e os efeitos econômicos no Brasil

Por Reinaldo Cafeo |
| Tempo de leitura: 2 min
O autor é diretor regional da Ordem dos Economistas do Brasil

A eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos em 2024 traz uma série de implicações econômicas para o Brasil a partir de 2025.

Haverá impacto no comércio exterior. Trump prometeu aumentar as tarifas sobre importações, o que pode afetar diretamente o comércio global. Para o Brasil, isso significa uma possível redução nas exportações para os EUA, que é um dos seus principais parceiros comerciais.

A política econômica de Trump, que inclui aumento de subsídios e tarifas, pode levar a uma inflação mais alta nos EUA. Isso, por sua vez, pode resultar em aumentos nas taxas de juros pelo Federal Reserve (FED), fortalecendo o dólar (o que há ocorreu nas primeiros horas após a confirmação de sua eleição). Aumento nos juros por lá, pode impactar negativamente no câmbio por aqui, mesmo com juros internos mais altos no horizonte. Um dólar mais forte pode tornar as exportações brasileiras mais caras e menos competitivas, além de aumentar a dívida externa do Brasil.

Outro ponto refere-se à guerra comercial entre EUA e China, que deve ser intensificada por Trump e pode afetar a demanda chinesa por commodities brasileiras. A China é o maior parceiro comercial do Brasil, e uma desaceleração econômica chinesa pode reduzir a demanda por produtos como soja, minério de ferro e petróleo.

A incerteza econômica gerada pelas políticas de Trump pode também afetar os investimentos estrangeiros no Brasil. Empresas americanas podem se tornar mais cautelosas em relação a novos investimentos devido ao ambiente econômico volátil.

As políticas de deportação em massa de imigrantes sem documentos podem afetar setores da economia americana que dependem dessa mão de obra, como construção e serviços.

A reeleição de Donald Trump traz desafios significativos para a economia brasileira. As políticas protecionistas e a volatilidade econômica nos EUA podem impactar negativamente o comércio, os investimentos e a estabilidade econômica do Brasil. É crucial que o Brasil se prepare para enfrentar esses desafios, buscando diversificar seus mercados de exportação e fortalecer sua economia interna.

Por outro lado, via diplomacia, como ocorreu no mandato anterior de Trump, o Brasil pode reduzir os efeitos da eventual política protecionista de Trump.

Erramos na largada com o desastroso posicionamento do presidente Lula dias antes das eleições, sinalizando apoio a Kamala Harris, candidata democrata derrotada, indicando que somente ela defenderia a democracia.

Mesmo com esse erro estratégico, há tempo para voltarmos o jogo. É preciso ter postura de Estadista para tanto.