Quatro policiais militares já foram afastados de suas atividades como parte das investigações das mortes de Guilherme Alves Marques de Oliveira, de 18 anos, e Luis Silvestre da Silva Neto, 21 anos, durante ocorrência envolvendo agentes do 13.º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (13.º Baep), no último dia 17, no Jardim Vitória, em Bauru, e da confusão no velório dos jovens, no Parque Primavera, onde familiares deles relatam terem sido agredidos por PMs em ação registrada por diversas pessoas presentes.
A informação foi divulgada nesta quinta-feira (31) pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), por meio de nota. "A Polícia Militar esclarece que dois policiais envolvidos no fato mencionado (conflito no velório) foram afastados das atividades operacionais, além de outros dois em decorrência das mortes em confronto", diz. "Um Inquérito Policial Militar foi instaurado e segue em andamento para esclarecer as circunstâncias de ambas as ocorrências e determinar outras medidas cabíveis a serem tomadas".
Conforme divulgado pelo JC, Guilherme e Luis morreram, segundo a polícia, porque teriam trocado tiros com PMs do 13º Baep em uma área de mata. Os dois estavam próximos a um local de venda de drogas, quando teria chegado a polícia, e correram para o mato. As famílias dos dois negam que eles estivessem armados.
Em nota recente, a SSP diz que PMs faziam uma operação na comunidade quando foram surpreendidos por criminosos que atiraram contra a equipe. "Houve a intervenção e os suspeitos foram atingidos." As duas famílias negam a versão policial.
As mães dos dois jovens dizem que duas ambulâncias do Samu (Serviço Médico de Atendimento de Urgência) foram ao local, mas que os socorristas não tiveram autorização para ir até onde os seus filhos estavam caídos e foram embora. Na nota, a SSP afirma que o resgate foi acionado e constatou os óbitos no local.
Elas também alegam que não permitiram que elas chegassem até onde os corpos estavam. De acordo com a polícia, com os dois, foram localizadas porções de entorpecentes, que acabaram apreendidas, assim como as armas que eles usavam.
No dia 18, o velório dos jovens foi marcado por uma confusão envolvendo familiares e amigos deles e policiais militares. Vídeos encaminhados à redação mostram policiais militares dentro da sala onde um dos corpos era velado, com cassetetes em mãos, tentando deter o irmão de um dos jovens mortos, de 27 anos, por desacato.
O rapaz foi conduzido ao plantão policial, e liberado após registro da ocorrência. A Polícia Militar instaurou um inquérito para apurar a conduta dos policiais envolvidos e adotar medidas cabíveis, diz a SSP. A Ouvidoria das polícias também abriu procedimento para acompanhar o caso.
Desde a morte dos jovens, quatro manifestações já foram organizadas por familiares e amigos deles pedindo paz, justiça e o fim da violência.