Na próxima semana, dias 5 e 6 de novembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil se reunirá para decidir sobre a taxa básica de juros, a Selic. Esta decisão é aguardada com grande expectativa pelo mercado financeiro e pode ter impactos significativos na economia brasileira.
Os membros do Comitê levarão em conta o cenário econômico atual, como por exemplo, a inflação e desinflação. O último dado da inflação oficial do Brasil, o IPCA-15, prévia da inflação de outubro, acelerou a 0,54%, acumulando em 12 meses 4,47%, diante de 4,12% do mês anterior. Em se mantendo neste patamar o índice estará quase no limite máximo projetado é que de 4,5%. Por este prisma, é possível projetar alta ou de 0,25 ou de 0,5 ponto percentual. Lembrando que atualmente a taxa Selic está em 10,75% ao ano e o mercado projeta, via Boletim Focus, 11,75% ao ano (mediana dos dados fornecidos pelos operadores de mercado ao Banco Central).
Outra questão interna e diria, a mais determinante neste momento é o risco fiscal. Mesmo com recordes em arrecadação, há risco de o país não cumprir as metas do arcabouço fiscal, e em vez de déficit primário zero ou no limite, 0,25% do PIB, este resultado possa atingir 1% do PIB. Isso eleva o endividamento público e gera incertezas no mercado, cujo remédio, mesmo que amargo, será elevar a taxa de juros. Vale ainda destacar que haverá pressão na cotação do dólar, o que pode realimentar a inflação.
Os membros do Copom também irão considerar o cenário externo. Nos Estados Unidos, por exemplo, a política monetária está em fase de afrouxamento, mas diante das eleições presidenciais e uma série de incertezas do tamanho da recuperação econômica por lá, notadamente na geração de empregos, não há como cravar se o afrouxamento monetário será mantido. Caso os juros fiquem elevados por lá, reforça a necessidade por aqui em manter os juros domésticos elevados.
Isso tudo com conflitos geopolítico em várias regiões do mundo, e as decisões econômicas chinesas, que impactam e continuarão impactando no preço do petróleo, do minério de ferro, e outras commodities, mexendo, trazendo a chamada inflação importada.
A decisão do Copom na próxima semana será crucial para definir os rumos da política monetária no Brasil. O Comitê terá que equilibrar cuidadosamente os riscos inflacionários com a necessidade de apoiar a recuperação econômica.
Independentemente da decisão, é importante que o Banco Central comunique claramente suas intenções e os fundamentos de sua política para manter a confiança dos mercados e dos agentes econômicos.
Será um bom teste para verificar na prática como o novo Presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo vai se comportar. Ele assume a presidência em 2025, e é o atual Diretor de Política Monetária do Banco Central. Será que ele manterá a postura técnica e decidir pelo será melhor para o país, independentemente dos desejos políticos do atual governo?
A ver!