Nessa minha longa caminhada acompanhando a política brasileira já vi muitas lideranças partidárias surgirem e depois sumirem. Tivemos Maluf, Mario Covas, Tancredo Neves, Temer, Fernando Henrique, Bolsonaro entre outros, alguns sempre deixando "herdeiros" que continuaram a dar força e longevidade a seus partidos.
Isso ocorreu principalmente no PSDB e MDB, que se alternaram por anos "capitaneando" Prefeituras, Estados e Congresso Nacional. Só que uma coisa me intriga: qual é o motivo de a esquerda brasileira ainda depender tanto da idolatria e fanatismo do povo pelo seu líder maior, leia-se Luiz Inácio Lula da Silva?
A resposta talvez seja simples, o "rei" nunca quis e dificilmente vai querer o surgimento e ascensão de novas lideranças políticas para dividir o comando da chamada esquerda brasileira. Isso fica evidente ao relembrarmos o caminho percorrido por Lula desde seu surgimento como líder sindical, criação do CONCLAT, CUT e PT na década de1980.
Puxem na memória e vão se lembrar que muitas figuras importantes, "dignas" de ocuparem espaços: surgiram no período Haddad, Joaquinzão, Medeiros, Genoíno, Paulinho da Força, Marta e Eduardo Suplicy, Pallocci, Zé Dirceu, Dilma, Celso Daniel, Toninho do PT e agora Boulos, do PSOL.
Qual delas, após encerrarem seus mandatos, teve vida longa na política, enquanto vivos? Todas foram "servindo" ao "rei" nas suas aspirações reais e depois foram relegadas a um segundo plano, ou descartadas se preferirem, atuando apenas como "conselheiros" ou dirigentes de Fundações ou Sindicatos, criados justamente para essa finalidade.
Isso tudo nos leva a crer que o Rei não quer concorrência, enquanto estiver com saúde física e mental, vai continuar "dando as cartas" na esquerda brasileira. Manda quem pode, obedece quem tem juízo, diz o velho ditado.
Pior é ver que essas "figuras" não se incomodam com essa situação, é muito cômoda e conveniente, afinal, as recompensas por terem "obedecido" com louvor as determinações reais são compensadoras e importantes para uma velhice tranquila.
Também são cientes que nesse meio as penalidades por se "rebelarem" são pesadas, ninguém se arrisca. Até quando os demais "esquerdistas" vão aceitar passivamente essa situação fica difícil prever, mas a tomada de coragem dos "súditos" sempre vem logo após a demonstração de fraqueza do governante, e isso parece estar bem mais próxima do que o Rei imagina.