16 de outubro de 2024
EM BAURU

‘Tiozinho’, vítima da queda do muro, é sepultado pela família

Por | da Redação
| Tempo de leitura: 2 min
Acervo Pessoal
Paulo Alves Ribeiro, 62 anos, o 'Tiozinho' era conhecido no Parque Paulista, conta a família

‘Tiozinho’, como era conhecido Paulo Alves Ribeiro, 62 anos, foi sepultado pela família, na manhã desta quarta-feira (16), no Cemitério do Jardim Redentor, em Bauru. Ele e a cachorrinha sem raça definida Pretinha morreram junto com Joice Nascimento dos Santos, 33 anos, e o filho dela Luiz Otávio Nascimento Gonçalves, 6 anos, na queda de um muro no Parque Paulista, região do Jardim Redentor, durante a forte chuva registrada no final da tarde da última sexta-feira (11), conforme o JCNET divulgou.

Muito conhecido na redondeza, até porque vivia no bairro em situação de rua, ele ajudava mãe e filho, que morreram de mãos dadas durante o temporal. A informação é ressaltada pela sobrinha dele Nathaly Almeida, 32 anos, que também destacou ter recebido ligações de moradores do entorno informando o quanto ‘Tiozinho’ contribuía com a vizinhança até para obter algum dinheiro para sobreviver.

“Ele ajudava todo mundo. Todo mundo gostava dele”, afirmou Nathaly, que descobriu pelo JCNET, na última segunda-feira (14), que uma das vítimas da tragédia era da sua família. Ela já sabia do caso e, ao acessar a matéria deitada na própria cama, percebeu que o nome Paulo e a idade batiam com os do tio. Imediatamente, ligou para a mãe e o pai para confirmar.

A partir de então, a família se mobilizou preocupada com a possibilidade de Paulo ser enterrado como indigente. “Ele queria viver daquele jeito, mas tinha família. Há uns dez dias foi na casa de um irmão tomar banho”, explica a sobrinha. De acordo com ela, parentes insistiam para que ele vivesse na casa deles e até arrumavam emprego, mas ‘Tiozinho’ não gostava ‘de ninguém mandando nele’ e preferia a liberdade das ruas. Era uma espécie de nômade há mais de 20 anos, calcula Nathaly.

Ele tinha em Pretinha uma amiga, que também tomava banho na casa da família, assim como o tutor, pai de uma moça. Embora não tivesse contato há anos com a filha, era próximo da mãe, por exemplo. Com mais de 80 anos, ela perdeu o segundo filho dos dez que pariu e não suportou ir ao sepultamento, nesta quarta. Foi ela, inclusive, quem registrou, em 2023, o Boletim de Ocorrência (BO) por desaparecimento, quando o filho Paulo custou para rever a família.

Os parentes, inclusive, queriam velá-lo, mas a Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural de Bauru (Emdurb) informou que já não era possível, lamentou a sobrinha. “Abrimos o caixão e ele estava bem, ainda. Machucado, claro. Se tivesse velório, muita gente viria”, avalia. 

A família conseguiu o que queria assim que soube do óbito e correu ao Instituto Médico Legal (IML) e à Polícia Civil: garantir um sepultamento digno ao ‘Tiozinho’, que deixará saudades na família, como consta na coroa de flores disposta na sua lápide.