21 de dezembro de 2024
DESABAMENTO NA CHUVA

Mãe e filho mortos em Bauru: ‘ela não desgrudava dele por nada’

Por Tisa Moraes |
| Tempo de leitura: 2 min
Redes sociais/Reprodução
Joice era dona de casa e dedicava-se a cuidar de Luiz Otávio, diagnosticado com autismo

Mortos após um muro desabar durante a chuva registrada na última sexta-feira (11) em Bauru, Joice Nascimento dos Santos, 33 anos, e Luiz Otávio dos Santos Gonçalves, 6 anos, foram sepultados na tarde deste sábado no Cemitério do Jardim Redentor. A terceira vítima, um homem, não foi identificada e não há registro de seu sepultamento em Bauru, segundo a Emdurb.

Pessoas da vizinhança apontaram que ele seria um morador em situação de rua que se abrigava sob o viaduto da avenida Cruzeiro do Sul na rodovia Marechal Rondon. O homem era o tutor do cachorro que também morreu na ocorrência.

Durante o velório de Joice e Luiz Otávio, realizado no Velório Municipal Liberato Tayano, a mãe dela, a empregada doméstica Lucimara Alves do Nascimento, 56 anos, falou com a imprensa. A mulher contou que a filha residia há mais de dez anos no Ferradura Mirim, era casada, dona de casa e dedicava-se a cuidar do filho único, diagnosticado com autismo.

O menino era atendido pela Sorri Bauru e também frequentava o projeto Seara de Luz, do Centro Espírita Amor e Caridade (Ceac). “A vida dela era essa: sempre a pé, saía de casa para levá-lo à escola, à Sorri, ia ao mercado, à minha casa. Ela fazia sempre os mesmos trajetinhos, sempre junto ao filhinho, de quem ela não desgrudava por nada. A companhia dela era ele, onde ela ia, estava grudadinha com ele”, revela.

E foi exatamente esta a rotina de Joice e Luiz Otávio naquela sexta-feira, abruptamente interrompida pelo muro que desmoronou no Parque Paulista, região do Jardim Redentor. Ela havia buscado o filho na escola no fim da tarde, passou no supermercado para comprar alguns itens e seguiu com ele em direção à sua casa, quando uma forte chuva começou.

“No vídeo das câmeras de segurança, dá para ver que estava chovendo muito. Ela tenta atravessar para o outro lado da rua, espera uma caminhonete passar, depois pega o menino pela mão e corre na calçada, mas não deu tempo”, lamenta.

Lucimara conta que a família ficou sabendo do ocorrido por um amigo que mora em frente ao imóvel onde o muro caiu, reconheceu Joice e entrou em contato com outra filha da empregada doméstica, de 28 anos. “Ela não falou o que tinha acontecido e que era para ir até aquele endereço, mas, como mãe, já de longe sente. Meu genro foi me buscar e eu tive a certeza de que era minha filha. Tanto para mim quanto para o esposo dela, é muito difícil, porque pegou a gente de surpresa. Foi muito brusco e a gente ainda está tentando assimilar”, afirma.

Esta é a segunda filha que Lucimara perde. Há cerca de cinco anos, uma delas estava grávida e perdeu a vida após ter eclâmpsia no parto. O neto de Lucimara sobreviveu, mas permanece em estado vegetativo até hoje, cuidado pelo pai no município de Santo Anastácio (SP).