Vereadora mais votada da história de Bauru, com 7.586 votos, Estela Almagro (PT) diz que o surpreendente resultado nas urnas impõe uma "responsabilidade única" sobre o mandato a ser exercido pelo próximo quadriênio - principalmente, afirmou, porque "a política não está preparada para incluir a mulher; muito pelo contrário".
Em duro discurso na tribuna da Câmara nesta segunda-feira (7), a parlamentar lamentou a diminuição no número de mulheres no Poder Legislativo - a partir do ano que vem ela será a única - e disse que "isso é mais do que didático, é proposital".
"Isso aumenta demais o nosso desafio aqui. A missão de presidir essa Casa e dar posse àquela que combati por quatro anos [a prefeita Suéllen Rosim] e combaterei por mais quatro, cada dia mais e com mais vigor", disse a petista. "A gente precisa aprender a receber com muita responsabilidade e humildade os resultados das urnas. Foi o que sempre fiz. A derrota nos ensina; a vitória, também".
Estela disse que a prefeita foi reeleita após um governo fatídico em todas as áreas e em meio a uma contradição evidente. "[Ela] venceu com 90 mil votos ao mesmo tempo em que 86 mil eleitores não saíram de casa", observou, mencionando o alto índice de abstenção. "Bauru continua com os mesmos problemas. Um caos na saúde pública, com gente morrendo todo dia. Com sucateamento na educação. O marketing da garantia do piso do magistério, que levou dois anos e meio, não se apresentou até agora", pontuou.
"Qual é o debate de infraestrutura urbana que esse governo fez? Nenhum", continuou. "Só asfalto para levar voto às vésperas da eleição porque não tem capacidade para o debate político. Serão quatro anos de muita dureza. E por isso nossa responsabilidade aumenta", lembrou.
Para Estela, "o projeto que venceu essas eleições é unifamiliar, é pessoal, e não de política para a cidade". "A prefeita foi reeleita numa campanha milionária e messiânica, onde se discute a fé e não a cidade. Nós não somos igreja, não somos terreiro nem centro espírita. Cada um com sua fé. A cidade precisava ser discutida. E não foi", ressaltou.