Outubro é Mês Missionário, Mês das Missões. No próximo dia 20 celebra-se em toda a Igreja o Dia Mundial das Missões e da Obra Pontifícia da Infância Missionária. Os Evangelhos nos lembram que a Igreja, nascida da vontade do Pai, fundada neste mundo pelo Filho e animada pelo poder do Espírito Santo, é essencialmente missionária. E que nós, como cristãos, somos por vocação discípulos missionários do Senhor, para segui-Lo, testemunhá-Lo e anunciá-Lo, enchendo a terra com as sementes do seu Evangelho. O lema da Campanha Missionária foi escolhido pelo Papa Francisco: "Ide, convidai a todos para o banquete" (Mt 22,9) e o tema foi definido pela CNBB: "Com a força do Espírito, testemunhas de Cristo". O Espírito Santo é o protagonista da evangelização como ficou evidente em Pentecostes. Descendo sobre os Apóstolos transformou-os de medrosos e inseguros em intrépidos pregadores do Evangelho. É somente na força do mesmo Espírito que podemos, individualmente e como Igreja, cumprir o mandato de Cristo para ir por todo o mundo e proclamar o Evangelho a toda criatura (cf. Mc 16,15) e batizar todos os povos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (cf. Mt 28,19).
A Palavra de Deus da santa Missa deste domingo começa nos lembrando já na primeira leitura, Gênesis 2,18-24, que Deus criou os seres humanos, "homem e mulher os fez", para se doarem um ao outro, como marido e esposa, conscientizados de que já não são dois, mas uma só carne. Nasceu aí a primeira família com Adão e Eva. A narrativa bíblica da criação de Adão e Eva destaca a dignidade humana e divina do homem e da mulher, criados à imagem e semelhança de Deus e chamados a se unirem no amor pelos laços da aliança do matrimônio que os unifica e consagra com vínculo indissolúvel. A família é obra de Deus e o casamento é uma benção divina. O homem e a mulher unidos em família se reconhecem extensão um do outro e devem viver na igualdade e mútua complementaridade do masculino e feminino, da paternidade e da maternidade. Necessitam, atraem-se mutuamente e formam uma só carne. A mensagem bíblica nos atesta que mais do que por necessidade biológica, em razão da qual os animais procriam por instinto natural, o homem e a mulher se unem em casamento na família por uma vocação divina, a fim de gerarem filhos segundo à sua natureza humana e divina, ou seja, à sua imagem e semelhança de criatura humana e à imagem e semelhança do Criador.
Jesus, nos Evangelhos, orienta os casais a viverem o amor em profundidade e a não se deixarem influenciar ou conduzir por ideologias que permitem e facilitam a separação por qualquer motivo. O amor exige sacrifícios, do mesmo modo como Jesus amou doando a sua vida em favor de todos. Exige que lutemos contra os males que hoje afetam negativamente a família: a banalização da sexualidade, a pornografia, a má impostação conceitual da homossexualidade, a marcha contra a família, a destruição do casamento. No trecho evangélico da santa Missa deste domingo, São Marcos 10,2-16, Jesus fala da família como expressão do amor. Alguns fariseus, querendo conseguir uma prova contra Ele, perguntaram: "De acordo com a nossa lei, um homem pode mandar a sua esposa embora?" Jesus se reporta à lei de Moisés que autorizava o homem a dar um documento de divórcio à sua esposa e mandá-la embora (cf. Dt 24,1). E explica: "Moisés escreveu esse mandamento por causa da dureza do coração de vocês. Mas no começo, quando foram criadas todas as coisas, foi dito: Deus os fez homem e mulher. Por isso o home deixa o seu pai e a sua mãe para se unir com a sua mulher, e os dois tonam uma só pessoa. Assim, já não são duas pessoas, mas uma só. Portanto, que ninguém separe o que Deus uniu". Em seguida, Jesus abraça e abençoa crianças que lhe trouxeram para as tocar. Seu gesto e palavras são de defesa de seus direitos e de sua dignidade, bem como de cada mulher e de cada homem. Assim é Jesus, faz-se solidário com cada mulher e cada homem, levando-os à perfeição. Chama pais e filhos a expressarem o amor trinitário, vivendo e promovendo os valores do diálogo, respeito mútuo, igualdade e paz. Para Jesus toda lei deve estar a serviço da vida do ser humano e não o contrário, ou seja, não conforme os interesses pessoais ou corporativos de quem quer que seja como no caso dos fariseus. O critério dos fariseus foi a lei pela lei. Jesus, porém, tomou como critério o plano inicial do Criador. Conforme a mente do Criador, o homem e a mulher são duas pessoas fundamentalmente iguais em dignidade e liberdade, um foi criado para o outro e, quando se unem na relação matrimonial, estão obedecendo ao projeto divino que emerge do fundo de cada um, a fim de formar uma nova unidade para os dois, para os próprios filhos e para a sociedade. Jesus, então, esclarece: "Quem se divorciar de sua mulher e se casar com outra, cometerá adultério contra a primeira. E se a mulher se divorciar de seu marido e se casar com outro, cometerá adultério". A segunda leitura, Hebreus 2,9-11, mostra que é com a força de Cristo, a graça sacramental, que os esposos cristãos poderão segui-Lo mesmo na cruz amando como Jesus amou, mais preocupados em doar-se do que em receber.