29 de setembro de 2024
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Airbags mortais ainda equipam 2,6 milhões de carros no Brasil

Por Matheus dos Santos/FolhaPress |
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução/redes sociais
Mecânico segura um airbag Takata recolhido após recall, em Miami

Ainda há 2,6 milhões de carros com airbags defeituosos da marca Takata em circulação no Brasil, revelam dados da Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor). São equipamentos que, em caso de acionamento, podem expelir partes metálicas em direção aos ocupantes dos bancos dianteiros edm uma velocidade superior a 300 km/h. O problema gerou um dos maiores recalls da história, com cerca de 100 milhões de veículos afetados mundo afora. Desses, 5,9 milhões estão no Brasil, sendo que 3,3 milhões de unidades já passaram pelo reparo no país. O serviço é gratuito e consiste na troca do insuflador, uma cápsula metálica.

Em caso de colisão, a explosão necessária para acionar esses airbags ocorre de forma descontrolada. O problema é ocasionado pela exposição da peça à umidade e ao calor ao longo do tempo. A vedação ruim leva à oxidação, o que facilita a ruptura e a geração dos fragmentos de metal.

Rodrigo Kleinubing, perito em sinistros de trânsito, afirma que a reação química nos sistemas com defeito é rápida e violenta. "Com a explosão, a cápsula com nitrato de amônio [substância usada para a explosão] se rompe. É algo semelhante a um bomba."

O especialista destaca que a alta variação de temperaturas no Brasil pode ser um gatilho para o mau funcionamento.

Contudo, segundo Kleinubing, os airbags são dispositivos de segurança passiva eficazes, e não podem ser julgados pelos defeitos do produto da Takata. "Em uma colisão, há o impacto do veículo, da pessoa projetada e dos órgãos internos contra as partes rígidas do corpo. O airbag minimiza essas lesões".

Em levantamento feito pela Folha, 17 empresas tiveram recalls relacionados aos defeitos de airbags da fabricante no país. Os equipamentos da marca japonesa estão presentes em carros da Honda, Volkswagen, Nissan, Chevrolet, entre outras.

O defeito já causou sete mortes no Brasil, apontou um levantamento feito pela equipe de reportagem do Fantástico, da TV Globo. Um dos casos aconteceu em 2020, quando um motorista do veículo Honda New Civic LXS 2008 morreu após a ruptura do airbag Takata.

Segundo a montadora, o veículo foi convocado para o recall em 2015, mas o pedido não foi atendido pelo proprietário. A Honda foi alvo de uma notificação do Procon-SP na época.

Hoje, os proprietários podem consultar se o veículo possui um recall pendente dos airbags da Takata através da Senatran (Secretaria Nacional de Trânsito). Basta acessar a página de recall da entidade e informar o número de chassi ou da placa do veículo.

Montadoras

As empresas Honda, Toyota, Volkswagen, Nissan e BMW afirmaram disponibilizar canais de atendimento para os proprietários de veículos realizarem o recall de airbags. Segundo a Honda, ainda há 943 mil veículos da empresa em circulação no país com os airbags da Takata. A empresa também afirma ter 100% das peças necessárias em estoque para garantir o imediato reparo e pede aos proprietários que "levem, com urgência, seus veículos a uma concessionária autorizada".

A Nissan diz ter realizado o recall de 270 mil veículos. De acordo com a empresa, 70 mil unidades permanecem com os equipamentos defeituosos no Brasil. A montadora também afirmou ter peças em estoque.

Já a BMW disse que a maioria das concessionárias tem os itens necessários em estoque para o reparo dos airbags, e afirmou ainda trabalhar para expandir a medida para toda a rede.

A Volkswagen e a Toyota destacaram utilizar canais de comunicação, como telefone, redes sociais e emails, para divulgar a campanha de recall e alertar os clientes.

Como consultar?

Os proprietários podem consultar se seus veículos possuem recall pendente dos airbags da Takata por meio da Senatran (Secretaria Nacional de Trânsito). Basta acessar a página de recall da pasta e informar o número de chassi ou da placa do veículo.

Além disso, as montadoras têm páginas dedicadas aos recalls, onde divulgam comunicados de defeitos e problemas identificados em veículos.