28 de setembro de 2024
OPINIÃO

Eliminar as bolsas acaba os suicídios?

Por Paulo Neves |
| Tempo de leitura: 2 min

Lecionei 54 anos em escolas particulares de grande e pequeno porte de Bauru e região, que quase sempre não ofereciam bolsas de estudos.

Com esse texto tento explicar o suicídio de um garoto de 14 anos no Colégio Bandeirantes, um dos preferidos pela elite paulistana O conceituado custa em média R$ 6.000 mensais.

O Bandeirantes recebe 110 dos 360 bolsistas do Projeto do Ismart, que é o Instituto Social para Motivar, Apoiar e Reconhecer Talentos. É uma ONG!

Dentro desse contexto existe um conflito entre o Ismart e o Colégio Bandeirantes, que a grande mídia deixou de lado, daí peço atenção dos leitores dessa coluna

O foco é um menino de 14 anos que comete suicídio dentro do Colégio Bandeirantes.

Continuando... O Ismart faz a ponte entre o Projeto e o Bandeirantes que é caracterizado por adolescentes de baixa renda que fazem concursos para ganhar bolsas de estudos por meio de um processo de seleção.

Nesse contexto, selecionamos algumas "pérolas" e o " modus" de atuação do colégio, publicado no rodapé da grande mídia. Vamos a elas: o professor Mauro Salles Aguiar, que havia sido diretor entre 1996 e 2023, hoje é assessor do Núcleo de Estratégia e Inovação do Bandeirantes, disse: "O nível de agressividade é muito grande e espantoso entre os alunos bolsistas. Esse menino que abreviou a vida era aluno do Bandeirantes, mas fruto da parceria com o Ismart...". Ainda bem, o senhor tirou da reta, afinal, o aluno não veio do Morumbi, veio de Paraisópolis, um lugarzinho que só tem pobre. Tem mais, não contente, ele encerrou: "A Escola não é babá de bolsista ou ainda clínica psicológica".

Leonardo Sakamoto, um dos melhores colunistas do UOL, escreveu: "A morte no Bandeirantes mostra que a Escola precisa aprender a empatia... a convivência é, sim, responsabilidade da Escola. Falar de depressão é uma parte do problema; falar de Bullying que sofria por ser pobre, por ser periférico e por ser gay também é parte disso. Que não podia frequentar a quadra de esportes, naturalmente por ser bolsista".

Alguma coisa está errada no reino do Colégio Bandeirantes, ninguém está culpando a Escola, nada disso! Mas identificar essa vulnerabilidade é essencial.

Os bolsistas são vulneráveis e atuar com responsabilidade é o mínimo que se exige de uma escola, que não é só dos ricos, ela fez um contrato com uma ONG, que se cumpra ou que se encerre o contrato, simples assim.

Ou será que foi só para passar um creme rejuvenescedor que esconde as rugas da velha escola.