28 de setembro de 2024
OPINIÃO

José Paulo Bezerra Maciel Junior, o 'Paulinho'

Por Douglas Willian |
| Tempo de leitura: 3 min

Ídolo corintiano e ex-camisa 8, anunciou sua aposentadoria do futebol no último domingo (8), às 8h, em seu perfil no Instagram. Esse momento é marcante para o volante, que foi um dos maiores camisas 8 que já passaram pelo time do povo. Nascido em 25 de julho de 1988, em São Paulo, Paulinho veio de uma família humilde, o que moldou seu caráter e determinação desde cedo. "Sabe o que significa nascer no Parque Novo Mundo em São Paulo?

Significa que todos os dias da sua vida você vai olhar para o outro lado da Marginal Tietê, para além do rio e daquele montão de pistas que separam uma margem da outra, e vai ver o Parque São Jorge", pontua Paulinho.

Sua apresentação no Corinthians ocorreu no dia 19 de abril de 2010. O volante havia se destacado na equipe de Bragança Paulista no Campeonato Brasileiro de 2009. Paulinho chegou sem muito alarde e, sob muita desconfiança, fez sua estreia saindo do banco de reservas em um amistoso contra o Botafogo.

Seu primeiro jogo oficial com a camisa do Corinthians foi nas oitavas de final da Libertadores, contra o Flamengo, com o estádio do Pacaembu lotado. Paulinho começou o confronto no banco de reservas. O time do Parque São Jorge, comandado pela estrela Ronaldo "Fenômeno", havia perdido a primeira partida por 1 a 0 e precisava reverter o placar.

A equipe abriu uma vantagem de 2 a 1 mas, pelos critérios de desempate, estava sendo eliminada até que, por volta dos 30 minutos do segundo tempo, o técnico Mano Menezes chamou Paulinho, que entrou no lugar do lateral Alessandro.

Muitos na torcida ficaram sem entender: "O time precisando vencer e o técnico me coloca um volante?".

O Corinthians acabou eliminado naquela ocasião, mas não tínhamos ideia de que estávamos diante de um dos maiores volantes que iria vestir essa camisa. Com o passar dos meses, Paulinho foi se destacando e conquistando sua vaga na equipe. Seu primeiro título pelo Corinthians veio no ano seguinte, com o Campeonato Brasileiro de 2011. Comandada por Tite, a equipe iniciava uma era de ouro.

Em 2012, como era de costume, o Corinthians carregava a pressão por ser o único grande clube paulista a não ter conquistado a Libertadores. A equipe passou da fase de grupos com folga, chegando ao mata-mata. Nas quartas de final, em dois confrontos contra o Vasco, foi então que Paulinho começou a marcar sua história com a camisa alvinegra.

Naquela quarta-feira, 23 de maio de 2012, com o Pacaembu lotado e ainda se recuperando do milagre de Cássio diante de Diego Souza, Paulinho subiu no terceiro andar para colocar o Corinthians nas semifinais. Naquele dia, ao escalar o alambrado e abraçar um torcedor, Paulinho estava, na verdade, abraçando uma nação, com mais de 30 milhões de "loucos". Posso dizer por mim que foi um dos dias mais emocionantes que já vivenciei em toda minha vida.

Depois veio a semifinal contra o Santos de Neymar e a final contra o Boca Juniors, com atuações dignas de um camisa 8, culminando com o título da Libertadores invicta para coroar aquela campanha histórica. Em dezembro, no tão sonhado Mundial, em Yokohama, no Japão, empurrado por mais de 30 mil corintianos, era impossível não "dar" Corinthians.

Como diz Paulinho, "Até o Chelsea sabia que não dava para eles". A cereja do bolo veio no dia 16/12/2012, com a conquista do Mundial de Clubes.

O volante contabiliza duas passagens pelo alvinegro paulista: a primeira entre 2010 e 2013 e a segunda entre 2021 e 2024. O último jogo como profissional do ex-camisa 8 foi diante do Racing-URU, em um jogo disputado na casa corintiana. Paulinho entrou em campo aos 32 minutos do segundo tempo e ali encerrou sua passagem pelo clube e uma carreira vitoriosa.

Pelo Corinthians, são 219 jogos e 4 títulos conquistados: Campeonato Brasileiro de 2011, Libertadores de 2012, Mundial de 2012 e Campeonato Paulista de 2013. Dentre esses quatro títulos, Paulinho demonstrou uma identificação e um respeito pela instituição, honrando sempre o número 8, que um dia foi do Dr. Sócrates.

Com uma carreira vitoriosa na Europa e na seleção brasileira, Paulinho é um daqueles ídolos que ficam marcados na história do clube pelo respeito e comprometimento.