07 de setembro de 2024
ESTIAGEM PROLONGADA

Principal nascente do Rio Batalha seca

Por André Fleury Moraes | da Redação
| Tempo de leitura: 2 min
Viva Batalha
Localizada na Serra da Jacutinga, em Agudos, foto impressionante mostra diferença da mesma nascente em apenas três anos

Localizada na Serra da Jacutinga, em Agudos, a nascente do Rio Batalha já não jorra mais água. O prolongado período de estiagem, somado às mudanças climáticas e à falta de chuva - que deve perdurar ainda nas próximas semanas -, é o principal causador do problema e da manutenção dele.

Coordenador do projeto "Sacre", que há dois anos pesquisa o sistema hídrico de Bauru, o hidrogeólogo Ricardo Hirata, professor titular da USP, afirma que isso indica um novo cenário para o Batalha - mas não necessariamente o fim do rio e de sua bacia hidrográfica.

Segundo ele, houve uma movimentação no aquífero que impede a água de ser expelida no local da Jacutinga. Mas outros afluentes, além do próprio aquífero em outras regiões por onde o Batalha passa, complementam o leito do rio e fazem dele o que é hoje.

Em termos práticos, a água pode voltar a surgir naquele local quando do retorno das chuvas ou em algum outro ponto próximo - resta saber se na mesma quantidade e pressão, no entanto.

"Ocorre que o Batalha e o aquífero Guarani estão estressados, sobrecarregados. A água não volta para eles na mesma proporção com que é retirada", explicou Hirata ao JC.

Presidente do Departamento de Água e Esgoto, Renato Purini (MDB) confirmou a constatação sobre a nascente ao JC e disse que a situação, sem meias palavras, é de fato preocupante. "A limpeza, o desassoreamento são ações importantes. Mas pouco adiantam se não há água chegando", afirma Purini.

"Estamos 75% abaixo da média histórica com relação às chuvas. Para piorar, o calor força as pessoas a usar mais água. Tudo isso entra na conta", afirma. A princípio o DAE não prevê endurecer o rodízio - hoje nos moldes de 24 horas de abastecimento frente a 48 horas sem -, mas ressalta que a economia de água se faz mais do que nunca necessária.

Purini adianta, de qualquer forma, que obras recém-finalizadas pelo DAE já deram relativo fôlego à autarquia - ao menos para garantir que o racionamento permaneça nos moldes atuais. Uma das iniciativas é uma nova adutora ao Bela Vista, o que garantiu estabilidade às residências.

Idealizador do projeto Viva Batalha, Márcio Teixeira diz que a situação é desesperadora. "Ao menos uma vez por mês eu vou até a nascente da Jacutinga para plantar árvores e acompanhar a situação. E eu nunca vi um cenário deste", lamenta.

"São 22 quilômetros da nascente até a lagoa de captação. E precisaríamos plantar pelo menos mais 150 mil árvores. Já fizemos 1% disso de maneira voluntária e assim continuaremos. Mas o esforço precisa ser maior", complementa.