01 de setembro de 2024
WELLINGTON DE MORAES

Deda: o equilíbrio entre time e direção

Por Bruno Freitas | da Redação
| Tempo de leitura: 5 min
FPF/Divulgação
Na comemoração do acesso ao Paulistão Série A1

Ele teve uma carreira longeva nos gramados, onde disputou vários Campeonatos Paulistas de Primeira Divisão, além de Série A e B do Brasileirão, somando mais de 20 conquistas. E por Bauru, esteve em uma das campanhas memoráveis do Noroeste, no estadual de 2007, quando o time ficou, inclusive, à frente do Corinthians. Isso tudo como atleta profissional. O ex-volante e atualmente dirigente do clube local Wellington Nobre de Moraes, conhecido no mundo da bola por Deda, 49 anos, é recordista com 11 títulos do Campeonato de Brasília (DF), onde nasceu. Por lá, foi o único jogador eleito por enquete de cronistas e torcedores para integrar seleções dos melhores de todos os tempos dos dois maiores rivais do Distrito Federal: Gama e o Brasiliense. Após pendurar as chuteiras, a partir de 2019, tornou-se gerente de futebol do Norusca, atuando junto à diretoria e à comissão técnica na formação dos elencos vitoriosos que subiram o Alvirrubro da Série A3 para a Série A1 (a Elite) do Paulistão. Neste domingo (1), o time completa 114 anos.

Como jogador, Deda foi revelado pelo Gama e defendeu Noroeste, Brasiliense, Portuguesa Santista, Ponte Preta, Novorizontino, Marília, Rio Branco e Desportivo Brasil. Sempre como titular e, na maioria das vezes, como capitão. A liderança e a confiança dos vestiários o alicerçaram na carreira trilhada também nos bastidores. O dirigente, além de ter a grande responsabilidade em escolher atletas para fazer parte do grupo, levando em conta características técnicas e perfis, também é o elo entre jogadores e a presidência do clube.

Além de formar famílias dentro das quatro linhas, Deda conta com rica história no campo pessoal. O filho do João Bento (falecido em 1999) e da Leni Nobre tem quatro irmãos: Willian, Weverson, Roney e Robson - este último jogador profissional (Ponte Preta e Exterior) e que o inspirou a seguir a mesma profissão. Deda cresceu em uma comunidade do Setor P Sul da Ceilândia e tem residência fixa em Bauru desde 2007, onde vive com a esposa Patrícia Moraes. Pai de três filhos, Alan de 30 anos, Alex de 25 e Alice de 23, ele se orgulha e agradece a bola não só pela sua trajetória, mas também por garantir que os filhos seguissem na profissão escolhida por eles. Um fez carreira em administração, outro em tecnologia e a caçula cursa medicina. Leia os principais trechos.

JC - Como surgiu o apelido Deda?

Deda - Surgiu desde quando eu era pequeno. Meu pai me apelidou, mas nunca explicou. A partir daí, meus pais só me chamavam de Wellington quando eu aprontava (risos). Como vivíamos na periferia, muitas vezes, a gente era chamado para jogar no time do bairro, para a "turma da confusão". E tínhamos que ir. Mas nunca tive problemas com eles e com quem não andava na linha. A gente sempre foi muito correta. Todos nós estudamos e fomos trabalhar honestamente. Tínhamos tudo para ir para o caminho errado, mas isso não aconteceu. Uma vez quase me mudei de casa, porque um grande amigo de infância, um irmão que a vida me deu, o Helvio Rodrigo Gonçalves e as irmãs dele e minhas também, Ana Paula e Ana Kelen, se mudaram para Campo Grande, e a mãe deles queria me levar junto. Até pediu para a dona Leni deixar, mas minha mãe não deixou.

JC - Verdade que teve grande apoio na época de escola?

Deda - Minha professora de educação física, dona Carmen, me ajudou muito. Eu estudava em uma cidade satélite de Brasília, no Centro de Ensino Médio Taguatinga Norte. E só tinha dinheiro para ir e voltar de ônibus. A aula de educação física era à tarde e eu estudava de manhã. Então, tinha de ficar esperando a aula sem comer. A professora Carmen soube que eu não comia entre as aulas e passou a me levar para almoçar na casa dela. E dizia para todo mundo que eu viraria jogador de futebol. Depois do meu primeiro título, voltei lá na escola para agradecer.

JC - Quais os "pedra 90" com quem trabalhou?

Deda - Quando era jogador, o mais difícil que enfrentei foi o Djalminha, na época dele no Palmeiras. Comigo, no mesmo time, foi o Iranildo e o Paulo Nunes. E treinador, tive vários muito bons, mas destaco o Paulo Comelli. Em 2006/2007 ele já tinha inúmeras variações táticas que o futebol moderno usa em 2024.

JC - Os filhos não quiseram seguir a mesma carreira?

Deda - Os meninos têm talento para o futebol, mas não quiseram pagar o preço. E o preço para ser profissional é alto. Não é o dinheiro, mas sim a renúncia. Tem que abrir mão de muita coisa, principalmente de ficar perto da família.

JC - E fora do futebol, quem é seu camisa 10?

Deda - Minha esposa! Ela é uma grande parceira. A pessoa que mais confio. A Patrícia tem um olhar diferente de enxergar as coisas e sempre me faz ver por outra perspectiva. Está sempre presente nos jogos. 

JC - Quais os hobbies, além de jogar futebol?

Deda - Faço academia, corro, jogo futevôlei. Mas ultimamente o que eu mais tenho feito é assistir a jogos de futebol, presencialmente, em diversas cidades. Isso, devido à montagem do elenco para o Paulistão de 2025.

JC - O que pediria de presente para o Noroeste?

Deda - Peço que consigamos formar um time competitivo, além de permanecermos na Elite. Todo time que acaba de subir tem mais dificuldade. E também que os empresários da cidade abracem o clube, financeiramente.

JC - O que espera para o futuro?

Deda - Pretendo deixar o Noroeste no melhor lugar possível. Em breve teremos uma reestruturação do time que passará a ser, oficialmente, uma SAF. Vai ser fundamental.