26 de agosto de 2024
SAÚDE

Asma grave

Por |
| Tempo de leitura: 4 min

Um estudo inédito aponta que 69% dos adultos de 18 a 59 anos já foram internados por asma grave ao menos uma vez. Destes, 21% precisaram de terapia intensiva, 7,3% permaneceram na UTI acima de duas vezes, 12% foram intubados e 7,3% tiveram parada cardiopulmonar. Na faixa acima de 60 anos, as internações pela doença representam 68% - 23% ficaram na UTI, 8,9% por duas ou mais vezes, 14% necessitaram de intubação e 8,1% sofreram parada cardiopulmonar. Nos dois grupos, os pacientes ficaram internados, em média, dez vezes na vida.

Em menores de 18 anos, 74% necessitaram de internação em decorrência da asma grave, e 31% esteve na UTI - 11% foram intubados. Em 4,4%, o quadro resultou em parada cardiopulmonar. Nesta faixa, a frequência de hospitalização caiu pela metade, ou seja, cerca de cinco. Segundo o levantamento, em 63% dos pacientes adultos a doença não estava controlada, situação igual a 44% dos jovens e 52% dos idosos analisados.

Os números fazem parte do resultado da primeira fase do Rebrag (Registro Brasileiro de Asma Grave), que avaliou 487 pacientes a partir de seis anos com asma grave. Eles foram recrutados em 23 centros de referência para tratamento de asma pertencentes ao SUS (Sistema Único de Saúde).

Dos avaliados, 159 são menores de 18 anos - 40% do sexo feminino; 205 têm de 18 a 59, e 123 pacientes estão acima de 60 anos, enquanto as mulheres representam 70% de cada um dos dois últimos grupos (adultos e idosos).

Todos passaram por uma consulta inicial e serão acompanhados por cerca de dez anos, com visitas anuais. Ao longo do tempo, o projeto incluirá mais participantes.

Na primeira consulta, o Rebrag também questionou os pacientes em relação ao fumo e sedentarismo.

Apenas 1% dos adultos e 3,3% dos idosos fumam; 86% dos adultos e 68% dos idosos negaram o vício; 13% dos participantes de 18 a 59 anos e 29% acima de 60 afirmaram ser ex-fumantes. Metade dos pacientes menores de 18 anos relatou ser sedentário, condição observada em 71% dos adultos de 18 a 59 anos e em 69% dos idosos.

Conduzida pelo Grupo BraSA (Grupo Brasileiro de Asma Grave) - uma associação composta por especialistas em asma grave do Brasil - a pesquisa pretende mostrar o perfil de quem tem a forma grave da doença no país. Na primeira parte - de julho de 2021 a setembro de 2023 -, foram analisados dados clínicos, função pulmonar, biomarcadores fenotípicos e terapias prescritas. A remissão clínica após 12 meses de uso de biológico ou terapia tripla foi definida como doença controlada, ausência de exacerbações graves e do uso de corticoide nos últimos 12 meses.

FATORES

A asma é um processo inflamatório das vias respiratórias que causa o estreitamento dos brônquios canais por onde passa o ar nos pulmões. A doença provoca tosse seca, chiado no peito, sensação de pressão nos pulmões, falta de ar e dificuldade para respirar. A pessoa afetada pela condição possui mais dificuldade para expelir o ar dos pulmões do que para inspirar, o que dá a sensação de sufocamento.

O agravamento da asma está ligado a crises alérgicas, contato com fumaça, gases químicos, produtos de limpeza com cheiro forte, perfumes, infecções virais, poluição, exposição ao tempo frio, pólen e a microrganismos, como ácaros e fungos, que se proliferam em ambientes com muita poeira, quentes e úmidos. A causa é desconhecida e, segundo especialistas, envolve fatores genéticos e ambientais.

Segundo o pneumologista Paulo Pitrez, na asma grave a frequência de sintomas é constante, como por exemplo acordar várias vezes à noite com tosse e falta de ar. Outro sinal é uma limitação importante para atividade física e atividades do dia a dia, como subir dois lances de escada faltar o ar.

Os números do Rebrag foram apresentados na manhã desta terça-feira (23), em São Paulo, durante evento para reforçar a campanha da AstraZeneca, "Asma grave: cuidar é o pulo do gato", criada há três anos.

Neste ano, a ação traz como embaixador o ex-atleta brasileiro de natação e medalhista olímpico, Fernando Scherer, o Xuxa, que é asmático. Através das suas redes sociais e da AstraZeneca, ele levará ao público o projeto "Diário do Xuxa", que terá vídeos curtos com informações sobre asma grave.

IMUNOLÓGICO

No Brasil, cinco imunobiológicos estão liberados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para tratamento da asma grave: benralizumabe, dupilumabe, tezepelumabe, omalizumabe e mepolizumabe - os dois últimos incorporados ao SUS pelo Ministério da Saúde.