A federação PSDB-Cidadania já não é a mesma em Bauru. O colegiado é presidido desde o último dia 20 pelo empresário Caio Coube e tem na vice-presidência o vereador Carlos Ladeira. Na tesouraria está Gilson Rodrigues de Lima. Ocupa a secretaria da direção José Scareli Carrijo.
A nova composição da federação se concretiza após pelo menos 100 dias de negociação com instâncias superiores - os diretórios estadual e nacional -, disse Coube ao JC nesta quinta-feira (25). Ele havia acabado de receber a nominata já atualizada quando chegou ao espaço Café com Política para conceder entrevista.
O novo diretório da federação ocorre por uma questão estatutária. O estatuto da união dos partidos prioriza o PSDB, e não o Cidadania, mas uma primeira composição do colegiado em Bauru era quase que inteiramente da segunda legenda.
Em abril, aliás, o presidente do Cidadania disse à coluna Entrelinhas que "a federação aqui em Bauru já está devidamente constituída e que a liderança do Cidadania é fato, pois tivemos mais votos que o PSDB".
A declaração sinalizou ainda que a federação estaria ao lado da prefeita Suéllen Rosim (PSD) nas eleições, posição contra a qual os tucanos se insurgiram desde o início. "A primeira composição foi feita à revelia. Queriam fazer e fizeram. Mas estava errada", explica Ladeira, que acompanhou Coube durante a conversa.
"Foi uma negociação demorada", explica o ex-vereador, "que envolveu até o presidente do PSDB da cidade de São Paulo" - o ex-senador José Aníbal, de quem Caio Coube é bastante próximo.
Também estão inclusos nesta articulação o presidente estadual da legenda tucana, Paulo Serra, e o presidente nacional tucano Marconi Perillo.
Tudo começou com mensagens de WhatsApp e e-mails aos figurões tucanos. A primeira resposta demorou a vir. "Eles precisavam se inteirar da situação", concordaram Ladeira e Coube. "Mas houve resistência, é claro, e isso ficou explícito", pontuam.
Caio Coube revela ainda que emissários do PSD de Gilberto Kassab chegaram a procurá-lo a fim de manter o tucanato no apoio à legenda em Bauru (leia-se Suéllen), o que não se concretizou.
"Até poderíamos judicializar a nominata e contestar a composição em Bauru. Mas isso não seria bom e poderia ser lido como declaração de guerra. Então optamos por outro caminho, interno", diz o empresário.
A primeira nominata, por exemplo, tinha apenas seis membros - todos do Cidadania - enquanto o estatuto da federação prevê 11 membros em municípios com mais de 200 mil habitantes.
Os cargos da direção devem respeitar a divisão de votos das eleições de 2018, na qual os tucanos obtiveram melhor resultado.
O único problema é que, mais do que abrir mão da direção da federação, o Cidadania também não quis indicar nenhum nome à chapa para vereadores. O grupo pode ter até 22 candidatos sem a legenda parceira. São 19 nomes tucanos até o momento.
Criada em reação à Emenda Constitucional que proibiu o instituto das coligações às eleições para cargos legislativos - deputados e vereadores -, as federações partidárias juntam dois ou mais partidos num único instrumento por quatro anos. Mas demonstram fracasso já no seu primeiro biênio, quando das eleições municipais.
Que o digam os dirigentes dos partidos que compõem federação em Bauru. Carlos Ladeira e Caio Coube admitiram na conversa com o JC que a ideia deu errado. "Isso gerou muita confusão nos âmbitos municipais", dizem.
Outro aspecto negativo, afirma Ladeira, é o fim da autonomia dos partidos municipais. "Tudo tem de ser resolvido lá em cima, mesmo coisas pequenas. Não sei se federações vão acabar, mas o fato é que não têm funcionado", acrescenta.
Todas as três federações hoje vigentes enfrentaram problemas em Bauru. O colegiado PSOL-Rede, por exemplo, vai lançar Marcos Chagas (PSOL) à prefeitura sem apoio fechado da segunda agremiação, que vai liberar seus filiados para apoiarem candidatos com quem têm mais afinidade.
Já no grupo PT-PCdoB-PV o racha é ainda maior, com reviravolta sobre a candidatura petista de Cláudio Lago dando lugar ao PV de Clodoaldo Gazzetta.