27 de julho de 2024
OPINIÃO

Rota de colisão

Por Roberto Barbieri |
| Tempo de leitura: 2 min

O ser humano em sua vida, principalmente em grupo, entra e sai em diversos projetos, diversas formas de agrupamento de forças para alcançar uma melhoria individual e coletiva. Assim participa de religiões para se sentir mais próximo das supostas divindades, une-se em cruzadas anticorrupção para tentar melhorar a situação da administração pública, busca a prevenção de acidentes para diminuir a própria dor e a dor dos seus próximos com a redução dos acidentes para não ter machucados, amputados e mortes trágicas perto de si.

Participa também de campanhas de prevenção de doenças e melhoria da saúde, tenta identificar grupos de alimentos nocivos e benéficos à saúde, enfim, um sem número de buscas, anseios e esperanças de uma real melhoria. O ser humano está agregando agora um projeto relativamente recente, quem sabe de forma tardia, que é a Preservação da Natureza, a sustentabilidade dos locais onde vivemos e que interferem em nossas vidas, estando próximos de nós ou não, local este que podemos chamar de Meio Ambiente.

Ao se falar em plantio de árvores, em coletas seletivas de lixo, em preservação das nascentes, em redução da poluição, em economia de água, o que se esperaria de fato é um projeto de vida compatível com a sustentabilidade real do planeta, reduzindo-se drasticamente a própria população e consumo de supérfluos e de energia per capita. Entretanto, será que este projeto ainda é viável? Muitos afirmam que os danos já provocados na crosta terrestre, decorrentes da superpopulação e do modelo econômico desenvolvido nos últimos décadas ou séculos, formaram feridas irreversíveis e este modo de vida estaria levando o mundo à rota de colisão da extinção da vida no planeta.

Este modelo econômico baseado na rotação de consumo em espiral, consumindo gigantescas quantidades de energia e materiais, gera por sua vez resíduos em quantidades absurdas e alterações dramáticas na crosta e atmosfera terrestre, alterando a sua habitabilidade. Neste modelo é obrigatório produzir e consumir supérfluos para sustentar a base econômica para a gigantesca população do planeta.

Sem vaticínios apocalípticos ou proféticos, sem visões esotéricas delirantes, sem previsões sagradas, porém somente com base na realidade observável, já teríamos colocado nosso Titanic no rumo do iceberg e que não adiantaria ligar somente agora os retro motores. Parodiando o Titanic, até poder-se-ia dizer agora, "nem Deus salva este navio". Em termos mais rápidos estaríamos todos num mesmo avião caindo e com o bico já apontado para a terra. Será que dá tempo de salvar-nos quando até os céticos no avião já estão gritando "meu Deus"? Situação difícil e aparentemente com poucas chances de mudar, infelizmente.