27 de julho de 2024
OPINIÃO

Meu tio

Por Patrícia Schubert |
| Tempo de leitura: 1 min

Ele era concursado. Oficial de Justiça do TJ (Tribunal de Justiça) SP.

Tinha 3 filhos pequenos e era arrimo de família.

Cursou faculdade de Direito em período noturno, nas épocas em que não existiam manuais, mas obras completas e complexas a estudar.

Passou no exame da OAB.

Com a notícia, destinou-se ao cartório judicial, ambiente de trabalho de um dos irmãos mais velhos, e anunciou a aprovação.

O irmão, chefe, pegou uma folha de sulfite, entregou-lhe e disse:

- Peça exoneracao!

Ele, surpreso, retrucou:

- Está louco? Sustento minha família! Tenho três filhos para sustentar.

O irmão respondeu:

- Se não pedir exoneração agora, passeará 10 anos e estará entregando mandados com o anel de formado no dedo.

- E se não der certo?, respondeu.

O irmão disse que lhes ajudaria.

Fez o pedido de exoneração, entregou no TJSP e, após alguns passos, tamanho o nervoso, passou mal.

O tempo passou.

Tornou-se nobre, probo, experiente e íntegro causídico.

Sustentou a família e amealhou bens - muito, muito mais do que suficientes a seu sustento.

Esse é meu tio, Luís Gonzaga Ramos Schubert, que me inspira e que muito admiro pela simplicidade, desprendimento, amor a família e coragem.

Por mais pessoas assim!